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Crianças freqüentam escola, mas não sabem ler
Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
25/09/2008 | 07:07
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Em 2007, 2,1 milhões das crianças brasileiras de 7 a 14 anos freqüentavam escola e não sabiam ler e escrever. O dado alarmante faz parte da Síntese de Indicadores Sociais 2008 divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A pesquisa mostra que, apesar de quase todas as crianças dessa faixa etária (97,6%) - que corresponde ao Ensino Fundamental - estarem na escola, a quantidade de matrículas não significa necessariamente qualidade no aprendizado.

Entre as 28,3 milhões de crianças de 7 a 14 anos, que pela idade já teriam passado pelo processo de alfabetização, foram encontradas 2,1 milhões que não sabiam ler e escrever, apesar de estarem na escola. Deste grupo, 1,2 milhão vive nos Estados da região Nordeste.

Apesar de o IBGE não disponibilizar os dados por cidade e sim por regiões do Brasil, os exemplos de crianças que se encaixam neste índice não estão distantes.

Aos 13 anos, Priscila (nome fictício), de Mauá, deveria estar prestes a ingressar no Ensino Médio. Deveria, mas não está.

Embora adolescente, a menina continua na 2ª série, sete anos, em média, distante da turma de sua idade.

"Ainda tenho problemas para ler e escrever", conta Priscila. "Fico incomodada porque as meninas da minha sala são bem menores do que eu."

Com mais 12 irmãos - somente três são adultos - Priscila não é o único exemplo quando o assunto é dificuldade no aprendizado na família.

Seu irmão, Victor (nome fictício), 10 anos, também está atrasado. O garoto freqüenta a 2ª série quando deveria estar dois anos à frente.

Para se ter uma idéia, entre as crianças da mesma idade de Victor, que não sabiam ler e escrever, 85,6% freqüentavam a escola, segundo a pesquisa do IBGE.

"Eu queria pagar uma professora de reforço, mas não tenho condições", lamenta a mãe das crianças, uma diarista de 39 anos. Todos moram na periferia da cidade, no Jardim Oratório.

O pesquisador do IBGE Ennio Mello, explica que não é possível pontuar os problemas que resultam no índice, mas, cenários prováveis. "São crianças que podem ser repetentes por estarem em um processo vicioso de ensino ou sob aprovação automática."

"Algumas família têm deixado a pré-escola de lado e isso traz problemas", diz Maria Helena da Silva, diretora de escola estadual em Mauá.




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