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Paisagem apocalíptica é vista na fronteira da Indonésia
Por Do Diário do Grande ABC
05/10/1999 | 12:07
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De acordo com comprovaçoes de um reconhecimento por helicóptero organizado pela imprensa, as cidades e povoados do Timor Leste na regiao fronteiriça com o Timor Oeste indonésio apresentam nesta terça-feira uma paisagem apocalíptica de edifícios destruídos e vazios.

Maliana, uma localidade a 5 km da fronteira, que contava com cerca de 15 mil habitantes, se converteu em uma cidade fantasma.

As ruas constituem duma fileira de casas e edifícios assolados pelo fogo.

Sao apenas esqueletos calcinados a céu descoberto.

Nao há um só habitante à vista. As casas carbonizadas foram um amplo tapete negro interrompido nos limites da cidade por arrozais desertos, sem rastro de camponeses.

Búfalos sao o único sinal de vida na área.

Centenas de habitantes de Maliana foram vistos segunda-feira nas colinas próximas, onde permanecem escondidos, receptionando com bandeirolas o comboio da Força Internacional para o Timor (Interfet), acompanhado de jornalistas.

Porém, nenhum deles voltou para a desolada cidade.

No porto de Batugade, a 20 km ao leste, que dista 500 metros da fronteira, se presencia o mesmo espetáculo triste.

De uma populaçao que oscilava entre 2 mil e 3 mil habitantes, somente quatro menores e um adulto foram vistos nesta terça-feira na parte de cima de uma casa incendiada, fazendo tímidos sinais em direçao ao helicóptero.

E a um quilômetro, um corpo inflado, aparentemente na água há vários dias, erra arrastado pela correnteza.

As autoridades da Missao das Naçoes Unidas para o Timor Leste (Unamet) temem que mais de 200 mil habitantes dos 800 mil do Timor Leste tenham sido transportados pela força para a Indonésia pelo exército e as milícias, que só deixaram cinzas em sua passagem.

Em Balibo, também nao há nenhum ser humano. Somente alguns búfalos nos arrozais vazios.

Entre Dili e Balibo, 65 km a vôo de pássaro percorridos pelo Blackhawk australiano, o nível de destruiçao varia.

Alguns povoados, a maioria situados em zonas montanhosas de difícil acesso, se salvaram, enquanto outros, nos vales, foram parcialmente afetados.

Por último, os situados ao longo das estradas repetem o espetáculo de casas queimadas e sem cobertura.

A Interfet lançou nesta parte da antiga colônia portuguesa uma operaçao militar de grande envergadura denominada ``Lavarack', na qual participam cerca de 1.200 homens.

A operaçao se prolongará por várias semanas.

Seu objetivo consiste em garantir a segurança na zona fronteiriça com o Timor Oeste para animar o retorno dos refugiados.




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