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Linha 18 valoriza bairros do Grande ABC em até 70%

Em um primeiro momento, valor do metro quadrado no entorno das estações de Metrô aumentaria 16,6%

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
07/04/2019 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A construção de 13 estações de Metrô – sendo 12 na região – por causa do projeto do Monotrilho da Linha 18-Bronze, impactaria na valorização do m² (metro quadrado) da região. Segundo estimativa da Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), o preço médio no entorno desses locais teria alta de 16,67%, ou seja, dos atuais R$ 6.000 passaria a R$ 7.000 – incremento que poderia chegar a 70% em uma década. Além disso, a construção também atrairia novos empreendimentos imobiliários.

Para o presidente da Acigabc, Marcus Santaguita, um transporte de qualidade é fundamental para essa consolidação. “A ligação com a Capital traz comodidade, além de colocar esses bairros no roteiro. Com o transporte funcionando bem, os moradores deixam mais o carro em casa. Além de que, tudo no entorno se valoriza”, explicou.

Entre as estações previstas dentro do projeto, há construções em São Caetano – Goiás, Espaço Cerâmica, Estrada das Lágrimas, Praça Regina Matiello e Mauá –, São Bernardo – Afonsina, Winston Churchill, Senador Vergueiro, Baeta Neves, Paço Municipal e Djalma Dutra –, além da FSA (Fundação Santo André), em Santo André. Os locais também atrairiam novos moradores de São Paulo, já que a região se consolidaria como alternativa mais em conta – a média do m² na Capital é de R$ 10 mil – com acesso rápido. “Existe um número muito grande de pessoas que trabalham em São Paulo e preferem morar no Grande ABC. Quem faz esse deslocamento de carro reclama muito, então, mesmo com essa valorização, ainda compensaria morar na região”, disse Santaguita.

O coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Enio Moro Júnior, estimou que em dez anos a região pode sofrer uma valorização de até 70%, para cerca de R$ 10,2 mil. “Principalmente depois da consolidação das obras, haverá mais empreendimentos nas áreas de comércio e serviços. Com a integração com outros meios de transporte, haverá mais pessoas circulando. Isso sem falar na possibilidade de verticalizar essas áreas.”

A diretora regional do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) Rosana Carnevalli também acredita no modal para o desenvolvimento da região. “É uma grande solução para desenvolver esses bairros e levar um transporte de qualidade além do Centro. Trata-se de formato urbanístico positivo, que acaba atraindo investimentos de todos os segmentos e girando a economia, ou seja, não fica restrito somente à questão de moradia”, analisou.

Ela também acredita que o Metrô seja mais eficiente do que outros modais. “O Metrô consegue atingir uma camada muito maior de pessoas. Quando se tem uma linha eficiente, os bairros naturalmente vão se desenvolvendo.”

O BRT (sigla em inglês para sistema de transporte rápido por ônibus) é a alternativa estudada pelo governador João Doria (PSDB) para a substituição da Linha 18 (leia mais abaixo). A resposta definitiva sai em junho.

Para o professor de arquitetura e urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie José Augusto Fernandes Aly, o modelo do Metrô é o mais eficaz. “O transporte sobre trilhos oferece modelo de integração mais eficiente com as redes metropolitanas”, disse. “Caso isso se consolide, é possível que funcione como incentivo à produção de mais instalações para o trabalho e para a moradia nesse eixo. É interessante morar e trabalhar onde existe integração com transporte.”


Implantação do BRT pode depreciar áreas

Na contramão do que aconteceria com a instalação da Linha 18-Bronze, o BRT provocaria desvalorização de toda a área residencial do entorno das suas estações. O modelo, que é estudado pelo governo do Estado como alternativa ao modal, poderia reduzir o valor do m² em até 20%, ou seja teria um impacto negativo.

A estimativa é do coordenador do curso de arquitetura e urbanismo da USCS, Enio Moro Júnior, que afirma que o modelo é um equívoco. “Com isso, se tem uma desvalorização, porque o BRT é um modelo ultrapassado, que polui, usa energia não renovável e é barulhento. Ou seja, não é bom para o comércio ter uma linha de ônibus passando em frente. Se a escolha for BRT, será um erro técnico”, afirmou ele.

Para o especialista, o Metrô tem mais vantagens por causa da capacidade e velocidade de deslocamento, além de gerar uma maior movimentação em todos os setores econômicos, o que não acontece com outros modais. “Na Avenida do Estado tivemos a construção do Expresso Tiradentes (corredor elevado de ônibus), mas não houve nenhum empreendimento comercial por conta disso. A própria linha do trólebus na região é muito importante, mas o custo disso foi uma depreciação urbana. A desvalorização acontece porque os próprios moradores não conseguem parar o carro e há dificuldades no trânsito.”

Moro Júnior também citou como exemplo a Espanha, onde o sistema metroviário é utilizado como forma de desenvolvimento de algumas localidades com poucos habitantes. “No Brasil, nós levamos o projeto onde existe a demanda. No modelo europeu, eles levam o modal onde tem pouca gente. O primeiro atrativo para o desenvolvimento da cidade é uma linha de Metrô perto de casa”, disse. 




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