Turismo Titulo Especial
Foi para Portugal...e por lá ficou

Destino da moda, ‘Terrinha’ atrai por vida tranquila, boa receptividade e paisagens apaixonante

Por Marcela Munhoz
26/07/2018 | 07:00
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pixabay


Há alguns meses as correspondências endereçadas a Madonna agora vão para Lisboa, onde está morando. A cantora é uma das celebridades – assim como Michael Fassbender e Monica Bellucci – que elegeram a Terrinha como lar. Na onda da “energia inspiradora” de Portugal, como definiu Madonna, outras milhares de pessoas estão fazendo as malas e se rendendo aos encantos do país europeu.

Com os brasileiros – em breve a atriz Luana Piovani também vai para lá – a situação não é diferente. De acordo com relatório do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), em 2017, foram registrados 85.426 cidadãos daqui residentes em Portugal, aumento de 5,1% em relação a 2016. Muitos estão investindo em imóveis. “Buscam diversificação no portfólio, além de locais para moradia e lazer”, explica Marcello Romero, da empresa Bossa Nova Sotheby’s International Realty. Esses números, de mãos dadas aos do Turismo (no ano passado, a taxa de ocupação hoteleira no país ficou em 71%, recorde histórico; visitaram o lugar mais de 26 milhões), fazem com que a economia portuguesa agradeça.

Mas por que Portugal conquistou espaço no coração do mundo? São vários os motivos. Para os gringos, pelo destino não ser alvo de atentados terroristas é um deles, para nós o simples motivo de poder andar tranquilo pelas ruas. “Os brasileiros estão cansados da violência, economia e política do Brasil”, analisa Romero. Fabiana Miranda de Carvalho, 44 anos, hairstylist de Santo André, concorda. “Cansamos de quem governa apenas em prol de si mesmo, da falta de perspectiva de um país renovado, com o mínimo de decência e respeito. Lamentamos sair do lugar que amamos e deixar para trás a família e amigos porque temos medo e porque pagamos impostos abusivos sem nada em troca”, desabafa.

Fugir dos países de origem impulsiona, sim, a imigração, mas está longe de ser só por isso. O povo acolhedor e honesto, o clima ameno, o transporte público que funciona, a gastronomia e cultura ricas, além, claro, das paisagens de cair o queixo também figuram na lista dos motivos para amar Portugal, que foi eleito em 2017 o melhor destino de turismo pela World Travel Awards.

A principal dica para quem está flertando com o país (confira mais nesta página) é simples: antes de se mudar, conheça o máximo que conseguir da Terrinha. Comece por Lisboa, a Capital, percorra Fátima, Cascais, Sintra, Porto, Coimbra e Braga, mas também vá ‘assuntar’ em Ericeira, Covilhã, Avero, Viana do Castelo, Amadora, Portimão e Sesimbra, por exemplo. Tem muito brasileiro que já arrumou um canto por lá.

Pacote Lisboa, Sintra e Cascais é obrigatório
As ladeiras de paralelepípedo cortadas por bondes amarelos são cercadas por casinhas simples e coloridas. Pelas ruas estreitas e charmosas, especialmente do Centro de Lisboa (Alfama), é possível ‘viajar’ e voltar no tempo, embalados pelos ‘choramingos’ do fado e do poder das poesias de Fernando Pessoa.

Vá sem hora para voltar. Passeie pela enorme Praça do Comércio, visite a Igreja de Santa Maria Maior, o Convento do Carmo e tome uma ginjinha (licor). Por lá, outro ponto essencial é o Castelo de São Jorge, que tem vista impressionante do Centro.Volte à noite no bairro Alto para comer um belo de um bacalhau. Separe outro dia para conhecer o bairro de Belém, ver a torre e comer o famoso pastel enquanto aprecia antiguidades nas feiras de rua. Fique impressionado com o lindíssimo Mosteiro dos Jerónimos, construção datada do século 16, onde jaz Fernando Pessoa.

Se estiver hospedado em Lisboa, programe passeio em Sintra, uma vila portuguesa pitoresca que abriga castelos ainda impecáveis e dez monumentos nacionais. Fica a 40 minutos de trem da Capital Compre ingressos para o Palácio Nacional, o Castelo dos Mouros e o Palácio da Pena. Se for por mais um dia, não deixe de visitar a Quinta da Regaleira, o Palácio de Seteais e o Palácio de Monserrate.

Parte do litoral português, Cascais também é um passeio muito peculiar, charmoso e repleto de museus. Caminhe pelo Passeio Dom Luís I, pelo Jardim Visconde da Luz, almoce e faça compras na Rua Direita e Largo dos Camões. Se tiver calor, curta a praia da Rainha, da Duquesa e da Conceição. Também dá 40 minutos de trem de Lisboa.

Planejamentos financeiro e emocional são essenciais
Depois de saber um pouco mais das belezas e atrativos de Portugal, dá vontade de transformar o país em lar, mas a missão não é tão fácil. A andreense Fabiana Miranda de Carvalho, 44 anos, hairstylist, decidiu ir para Lisboa com o marido e filho. Ela está encantada com a experiência.

“Me surpreendi pela honestidade da maioria das pessoas. Morar aqui é um sonho. É um país em que o presidente vai à praia dar um mergulho antes de trabalhar e é aclamado e respeitado pelo povo. Os ônibus funcionam (chegam no horário certo) e descem as escadas para os idosos embarcarem. As pessoas respeitam filas, pedem licença, desculpas e esperam a sua vez. Os jovens ajudam os mais velhos. A educação é incrível.”

Porém, a brasileira confessa que a burocracia para conseguir a primeira residência é enorme. Apesar de eles não terem conhecido Portugal antes de mudar, a regra número um: foram com bastante reserva em dinheiro para se manterem por um tempo. “Recomendo a pessoa pesquisar muito, trazer diplomas com apostilamento específico (Haya) e ir de mente aberta para transformar completamente o estilo de vida.” Ela também sugere procurar cidades menores, já que Lisboa está muito em destaque agora. “Os aluguéis estão caríssimos.”

Fernanda Bruni Vieira, 39, gaúcha, mas que morava em Santos com a família antes de se mudar para Ericeira há dois anos e meio, gerencia grupo no Facebook para ajudar outros brasileiros que estão vivendo mesmo sonho. “Não me vejo mais vivendo no Brasil, aqui a gente tem tranquilidade e fomos muito bem recebidos. Até minhas úlcera e gastrite se foram”, brinca.

Mas Fernanda faz um alerta: “As pessoas têm a ideia errada de que é melhor sofrer na Europa do que sofrer no Brasil, mas não é assim. Não venha para cá se quer seguir a modinha ou fugir dos problemas. É essencial vir preparado psicologicamente e financeiramente, com a papelada organizada.” Segundo ela, uma família de quatro pessoas, para viver por sete meses sem emprego, não gasta menos do que 7.500 euros mensais (cerca de R$ 46 mil).

DICAS
Antes de mudar, conheça Portugal, sua cultura e costumes;
Planeje, principalmente, o que pode dar errado, como não conseguir emprego ou não se legalizar;
Coloque na cabeça que, no começo, não é possível só turistas; precisa entrar no ritmo de vida e trabalho do português;
A família não estará por perto para socorrer;
Você sempre será um estrangeiro;
Vai começar tudo do zero;
Analise se está determinado a se submeter a todos os tipos de empregos;
Vá com dinheiro e com boa saúde.

SOBRE OS DOCUMENTOS
Passaporte válido;
NIF (tipo CPF do Brasil);
A isenção de visto apenas abrange os cidadãos brasileiros que entrem no País com propósitos de missão cultural, negócios, cobertura jornalística ou turismo. Assim, para efeitos de trabalho ou estudo, por exemplo, em território nacional deverão os cidadãos brasileiros munir-se do visto adequado à finalidade da estada;
Comprovante de entrada regular em território português;
Comprovante de meios de subsistência, tal como definidos pela portaria 1563/2007;
Certificado de registro criminal do país de origem;
Certificado de registro criminal do país em que resida há mais de um ano;
Documento comprovante que dispõe de alojamento;
Documento comprovante de inscrição e situação regularizada na Segurança Social, salvo no caso de promessa de contrato de trabalho;
Comprovante de inscrição na Administração Fiscal;
Documento comprovante de ter constituído sociedade nos termos da lei, declarado o início de atividade junto da administração fiscal e da Segurança Social como pessoa singular;
Contrato de prestação de serviços para o exercício de profissão liberal e declaração da ordem profissional comprovando a respectiva inscrição;
Mais informações no site www.sef.pt.




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