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Livro lista 100 personagens influentes
Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
15/04/2001 | 16:44
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  Classificar um livro de indispensável na biblioteca de quem quer que seja é algo arriscado. No caso de As 100 Maiores Personalidades da História, de Michael Hart (Difel, 586 págs., R$ 59) a indicação é certeira. O volume, que inaugura a coleção 100 da editora, é útil e agradável em inúmeras situações.

Ao apresentar resumidas biografias de uma centena de pessoas que influenciaram a história, o autor evita o linguajar telegráfico das enciclopédias, dá espaço para curiosidades e até para o bom humor. As ilustrações também arejam o pesado volume. Essa é uma edição revisada — a primeira foi publicada há 12 anos.

Tudo é organizado sem perder o rigor científico. Há índices das personalidades e das ilustrações. No prefácio e introdução Hart se preocupa em deixar muito clara sua metodologia. Afinal, como escolher em mais de 5 mil anos de história da humanidade os 100 personagens mais “importantes”.

“Devo enfatizar que é uma lista dos personagens mais influentes da história e não dos mais importantes. Por exemplo, há lugar na minha lista para um homem mau e sem coração, mas com enorme influência, como foi Stalin, mas nenhum espaço para a piedosa madre Cabrini”, escreve Hart.

O cientista é formado em Astronomia, Ciências Humanas, Ciências Exatas e Direito. Já trabalhou na Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos, e é membro da Sociedade Norte-Americana de Astronomia. Hart pesquisou, pesou e analisou para escolher pessoas que moldaram nossas vidas e formaram nosso mundo. Daí a escolha de Maomé (570-632) para encabeçar a lista dos 100 mais. Como justifica o autor, ele foi o único homem da História extremamente bem-sucedido em ambos os níveis: secular e religioso.

Para Hart, não basta também influenciar sua época, mas plantar idéias ou descobrir fatos que se perpetuaram ao longo dos séculos até os nossos dias. Seguindo esse critério, o autor prossegue rigoroso: apenas cinco artistas figuram em sua lista, entre eles Edward De Vere (1550-1604), muito mais conhecido como William Shakespeare.

Além do valoroso conteúdo filosófico da obra de Shakespeare, Hart lembra que hoje poucos lêem Homero ou Virgílio, entretanto, a todo momento, em todo o mundo, há em cartaz um espetáculo que apresenta uma das peças do britânico, ou se baseia nelas. Há quatro séculos ele vem mexendo com as emoções dos seres humanos.

Como todo cientista que se preza, Hart defende seus métodos ardorosamente e, ao fim do livro, providencia para o leitor um elenco de ‘menções honrosas e ausências interessante’. Depois, acrescenta um breve resumo da vida de dez destes personagens, fundamentando o porquê de eles estarem fora.

Leonardo da Vinci (1452-1519) é um deles. “Seu talento e reputação parecem exagerados em relação à influência real que ele exerceu sobre a história. (...) Os grandes inventores não são os que têm grandes idéias, mas sim os que têm a capacidade mecânica e a paciência para superar dificuldades e construir algo que realmente funcione. E Leonardo não o fez”, justifica Hart.

Minucioso, o autor ainda inclui nesta edição tabelas que facilitam ao leitor visualizar de que época e área de atuação vêm os escolhidos. Também faz um convite ao leitor: faça sua própria lista, seguindo seus próprios critérios. A recompensa do exercício, segundo o autor, é uma nova perspectiva da história do mundo que habitamos.




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