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Advogado de Lopes quer desqualificar investigaçao
Por Do Diário do Grande ABC
26/04/1999 | 08:27
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O economista Francisco Lopes, ex-presidente do BC (Banco Central), depoe nesta segunda, às 16h30, na CPI (Comissao Parlamentar de Inquérito) dos bancos orientado por seus advogados a nao se preocupar com o julgamento dos senadores. "CPI é uma delegacia de luxo", disse domingo o advogado José Geraldo Grossi, responsável pela defesa de Lopes junto com o criminalista Luiz Guilherme Vieira.   

Os advogados querem caracterizar a investigaçao da CPI como política, e apostam todas as fichas na discussao no âmbito da Justiça. "CPI nao condena ninguém", comentou Grossi. "Minha preocupaçao é colocar esse caso no seu trilho e nao sob os holofotes - e tem muita gente trabalhando sob os holofotes", atacou Vieira. "Com o depoimento, pretende-se colocar os fatos em sua verdadeira intensidade".   

A estratégia que vem sendo elaborada pelos advogados de Lopes é tentar desqualificar como prova os papéis apreendidos na residência do ex-presidente do BC por iniciativa do MP (Ministério Público) Federal do Rio. "Vamos à Justiça mostrar que essa apreensao foi feita de forma ilegal", afirmou Grossi. "Vi, nos jornais, um extrato de conta corrente do professor Francisco Lopes e nao há quebra de sigilo bancário decretada até agora."  

Desembarque - Lopes chegou a Brasília por volta das 13h de ontem, procedente do Rio, acompanhado por Vieira. Ele hospedou-se no Hotel Naoum e lá permaneceu "em clausura", segundo definiram seus advogados. Lopes nao deverá sair do quarto até a tarde de amanha, quando irá ao Senado para prestar depoimento à CPI. "O que espero amanha é serenidade e tranqüilidade, e que ninguém queira aparecer", completou Vieira, para quem alguns senadores e o MP estao extrapolando seus limites de açao.  

Os advogados nao anteciparam nenhuma explicaçao sobre as acusaçoes que pesam contra Lopes. Nao informaram, por exemplo, como será explicado o suposto depósito de US$ 1,6 milhao em contas no exterior cujo beneficiário seria o ex-presidente do BC. "O professor Francisco Lopes terá, no momento certo, que restabelecer esse fato como inteiro, e nao como fragmento de fato", disse Vieira. "Eu estaria revelando a estratégia da defesa e quebrando sigilo profissional, se antecipasse algo", explicou Grossi.

A expectativa é de que o depoimento dure perto de dez horas.  Os advogados garantiram que Lopes dará um depoimento "radical", no sentido de ir à raiz dos fatos. Eles argumentaram que, há uma semana, o ex-presidente do BC nao tinha condiçoes emocionais de depor, por isso foi pedido o adiamento de sua ida à CPI. "Depor? No dia em que disseram que ele havia se matado?", questionou Vieira. Ele afirmou que, agora, Lopes está em melhores condiçoes de se defender. "A diferença, hoje, é de um homem que ainda está com sua alma quebrada, mas acredita na Justiça deste país."




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