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O bom, velho e sanguinário Tarantino está de volta
Patrícia Vilani
Do Diário do Grande ABC
11/01/2003 | 18:43
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Pouco diálogo, muito sangue. Assim promete ser o novo filme de Quentin Tarantino, Kill Bill, cuja première mundial acontece em maio no Festival de Cannes e a estréia, em 10 de outubro nos Estados Unidos e Canadá (ainda sem data no Brasil). É a quebra de um jejum de quase seis anos – desde o criticado Jackie Brown (1997) – de um dos cineastas mais influentes dos anos 90, realizador de Cães de Aluguel (1992) e Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994). Mas Tarantino já avisou em entrevista a um site norte-americano, no fim de 2002: “Estou fazendo este filme para mim. As outras pessoas acompanham o passeio”.

O diretor refere-se ao roteiro de Kill Bill, muito criticado por especialistas, que acusaram seu estilo de “ultrapassado”, “sem conteúdo” e “pouco inteligente”. O trailer, divulgado na internet e nos Estados Unidos junto com as cópias de Gangues de Nova York, dá uma idéia do que o público verá: referências a filmes asiáticos, com enquadramentos, movimentos de câmera e filtros usados por diretores que inspiraram Tarantino ao longo de sua carreira. Neste clipe só há um diálogo entre as personagens de Lucy Liu e Uma Thurman. O resto é ação pura.

Kill Bill será uma homenagem aos filmes de kung fu. Daí a presença de David Carradine, o Gafanhoto do seriado Kung Fu, no elenco. Outros nomes da lista de créditos: Michael Madsen, Daryl Hannah, Vivica A. Fox, Julie Dreyfus, Sonny Chiba, LaTanya Richardson e Chia Hui Liu. Samuel Jackson faz uma aparição relâmpago. O filme começou a ser rodado em junho, com locações no México, Los Angeles, Tóquio e Pequim.

A trama é focada na personagem de Uma Thurman, Bride (noiva, em português). Ela pertence a um grupo de assassinos profissionais liderados por Bill (Carradine), seu noivo. No dia do casamento, no qual todos os convidados são membros da quadrilha, Bill decide matá-la e acredita ter completado o serviço. Acontece que Bride escapa por um fio, fica quatro anos em coma profundo e, quando desperta, começa a planejar sua vingança sangrenta contra os ex-colegas, deixando Bill para a sobremesa.

Na cena mais esperada de Kill Bill, Bride, armada com uma espada, promove um massacre, matando 76 pessoas. Segundo Tarantino, foi a seqüência mais difícil de sua carreira. “Eu quero que esta seja para as lutas de kung fu o que a Cavalgada das Valquírias, de Apocalypse Now, foi para os filmes de guerra”, disse. “Eu montei a cena de tal forma que ela será a coisa mais incrível que alguém já viu”.

O estúdio Miramax diz que será difícil emplacar Kill Bill, justificando que seu caráter autoral será apreciado apenas por um público seleto. Ou os executivos acreditam mesmo que ninguém correrá ao cinema para ver o quarto e aguardadíssimo filme de Tarantino, ou estão jogando alto com um marketing às avessas.




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