A história de uma adolescente paquistanesa deixou o mundo horrorizado nos últimos dias. Meena, 13 anos, contou à jornalista Orla Guerin, da BBC de Londres, o destino cruel que o irmão e o pai planejavam para ela. Integrantes do grupo terrorista Talibã (grupo político-religioso, que pratica terrorismo), os dois queriam forçá-la a praticar um ato suicida.

Impedida de estudar, a garota, que ainda sonha ser médica, viu de perto muitas crianças serem treinadas para realizar atentados terroristas. Em sua casa, o irmão e a cunhada preparavam bombas.

O pai e o irmão tentavam convencê-la a participar do ataque suicida. Quando Meena disse não, os dois passaram a espancá-la. "Transformaram minha vida num inferno. Nunca tive um momento de felicidade."

A irmã mais nova, Nahida, 9 anos, não escapou da morte. Nem as súplicas da mãe, que também apanhou muito, fizeram com que os homens desistissem de usar a menina como bomba humana. A adolescente relata que depois dos atentados, os talibãs comemoravam.

Salva pela cabra - Meena tinha de cuidar da cabra do irmão. Certo dia, o animal fugiu e ela foi buscá-lo. Longe de casa, notou um avião e, em seguida, ouviu grande barulho. Quando olhou para trás, viu seu lar destruído. Não sabia se alguém tinha sobrevivido. Então, fugiu. Andou sem parar até chegar a uma pequena cidade. "As pessoas dizem que tenho coração forte. Eu tinha de ser forte. O que eu podia fazer? Deus não me deixou nem morrer." Agora, Meena está em local seguro e ganhou nova identidade. Existe a preocupação que integrantes do grupo terrorista a encontrem.

Ainda não há confirmação se tudo o que disse é verdade. No entanto, a polícia paquistanesa acredita em Meena, que não deve ser a única a sofrer esse tipo de abuso. As informações que deu podem ajudar as autoridades a entender melhor as ações do Talibã.

Para assistir a entrevista de Meena acesse www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/02/100205_filhosuicidag.shtml

Frases de Meena
"Meu irmão dizia que lugar de mulher é em casa ou no túmulo. Eu sempre fiquei confinada em casa. Ele falava: ‘Se você sair de casa, eu vou cortar a sua cabeça e colocá-la no seu peito'."

"Meu pai e o meu irmão me mandaram fazer um ataque suicida. Diziam: ‘Se você fizer isso, vai para o paraíso muito antes de nós.' Eu respondia: ‘Por que vocês não dizem que vou para o inferno muito antes de vocês?'"

"Tinha um remédio que costumavam dar aos militantes suicidas, que fazia com que ficassem sorridentes, em transe. Disseram que me dariam aquele remédio, e que eu iria correndo para morrer, com um sorriso. Fiquei tão apavorada que decidi preparar meu próprio chá e minha própria comida."

"Minha mãe desmaiou quando colocaram minha irmã no carro. Eu sempre penso nela. Ela era saudável e uma menina muito boa. Era mais jovem do que eu, mas era mais sábia."

"Se meu irmão me pegar, vou envenená-lo e tomar veneno. O Talibã manda para a morte os filhos dos outros. Eles deveriam sofrer também. Quero que sejam queimados vivos."