A Justiça Eleitoral de São Paulo cassou ontem a liminar concedida à coligação encabeçada pelo candidato a governador do Estado pelo PMDB, Paulo Skaf, e autorizou divulgação de levantamento realizado pelo DGABC Pesquisas, encomendado pelo Diário, sobre o cenário eleitoral. O pedido de impugnação impetrado pela campanha suspendia a publicação. Diante da liberação, o Diário reporta amanhã estudo de intenção de voto para governador, presidente e senador.

A decisão foi proferida ontem, às 20h22, pelo juiz auxiliar Marcelo Coutinho Gordo. No despacho, o magistrado registrou que a representação foi parcialmente acolhida ao determinar que conste na divulgação dos resultados o plano de amostragem regional da pesquisa. “Radicado no Grande ABC, pode não ter interesse em aferir o desempenho dos candidatos em outras áreas do ente federado (Estado). E isso nada tem de impróprio”, diz a sentença. Um dos três aspectos apontados pelo PMDB era sobre os questionários feitos nas sete cidades.

Na deliberação, Coutinho entendeu que reputar como inadequada a pesquisa por mera ilação, como indicou a campanha de Skaf, constituiria antes de tudo ato antidemocrático. O juiz mencionou que o sistema de registro do levantamento eleitoral não relacionava a área em que seria realizada a coleta de opiniões, acatando argumentação do jornal de que a sondagem traria retrato eleitoral da região ao governo do Estado e ao Senado.

O magistrado relatou, em seu texto, que a recomendação não compromete a lisura da pesquisa e que a participação do eleitorado de cada município do Grande ABC no plano amostral é ponderada. Com o efeito, não se impede que seja consultada abrangência menor ao território paulista. Antes do julgamento do mérito, o Ministério Público Eleitoral opinou pela improcedência do pedido requerido pela campanha peemedebista.

A APJ (Associação Paulista de Jornais) e lideranças estaduais e regionais do próprio PMDB já haviam se posicionado contrários à postura adotada pela coligação São Paulo Quer o Melhor, liderada pelo presidente licenciado da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A APJ, aliás, classificou a ação como “prejuízo à democracia”. O presidente da entidade, Renato Zaiden, afirmou que “a pesquisa contribui para o processo, ainda que aparentemente possa não favorecer politicamente o candidato”.

Outro aspecto levantado pela equipe de Skaf era que a realização da pesquisa nas sete cidades que compõem o Grande ABC “favoreceria” o postulante petista ao Palácio dos Bandeirantes, Alexandre Padilha, porque, de acordo com o peemedebista, na região “tradicionalmente são fortemente votados os candidatos do PT”. “Tal pesquisa será utilizada indevidamente para alavancar a candidatura (de Padilha), que hoje sofre com a falta de recursos pela sua inanição nas pesquisas”, argumentou, na ação.

Pesquisa Ibope divulgada na quarta-feira aponta distanciamento entre o governador Geraldo Alckmin (PSDB), com 50% das intenções de voto, e Skaf, em segundo lugar, com 11%, o que indica vitória do tucano no primeiro turno. O petista Alexandre Padilha aparece na terceira colocação, com 5%.