João Batista de Almeida tem laços históricos com São Bernardo. Viveu na cidade e tem uma grande descendência. Participou da Guerra do Paraguai, em várias frentes. Foi ferido. Sobreviveu, permaneceu no Exército, recebeu terras em São Bernardo e aqui se radicou.

Sua história é narrada pelo advogado e historiador Celso de Almeida Cini. E desde ontem Memória procura descobrir que fim levou a espada de João Batista de Almeida, verdadeiro troféu de guerra, que seus familiares doaram ao acervo histórico de São Bernardo em 1970, conforme relato de outro historiador, Waldemar Casagrande.

Sob o comando do marechal Deodoro

Texto: Celso de Almeida Cini

Quando completou 20 anos, João Batista de Almeida foi servir ao Exército Brasileiro. Recebeu um breve treinamento. No Paraguai, participou da guerra sob o comando do marechal Deodoro da Fonseca.

LINHA DO TEMPO

1844 - João Batista nasce em São Paulo.

2-5-1845 - É batizado na Igreja da Sé.

4-10-1865 - Assenta praça no 45º Batalhão dos Voluntários da Pátria.

10-4-1866 - Recebe seu batismo de fogo nas barrancas do Rio Paraná.

19-4-1866 - Participa de batalha no Passo da Pátria. Quase um terço de seu batalhão pereceu.

João Batista de Almeida participou de quase todas as batalhas da Guerra do Paraguai. Destacou-se por sua bravura e coragem. Foi ferido diversas vezes e tão logo se restabelecia, assumia sua posição em outras escaramuças que se sucediam, entre elas a Batalha do Tuyuti, a do Rio Titiquari, a do Itororó e a do Peribei.

Pela sua honrosa participação no conflito, João Batista foi indicado para receber, pelo menos, três medalhas por bravura, mas recebeu somente uma, a qual lhe foi outorgada pelo próprio Imperador Dom Pedro II. As demais ficaram esquecidas.

Início de 1870 - Passa a viver com Celsina Francisca da Conceição, com quem formalizará casamento em 3 de maio de 1879, quando já tinham os primeiros quatro filhos: Rosa, Benedita, José Batista e João Batista Júnior.

5-5-1879 - Nasce o quinto filho, uma menina, Anna Francisca.

25-5-1883 - Falece a esposa Celesina.

João Batista jamais voltou a se casar. Nos últimos anos em que viveu morou com Clemência Maria da Conceição (Sinhá).

1908 - Deixa o Exército. Sentia-se cansado e desiludido pela falta de reconhecimento.

1910 - Recebe a patente de coronel e passa a receber uma pensão mensal de 22 contos de réis, valor jamais alterado.

1912 - Assume a função de delegado de polícia em São Bernardo.

7-9-1929 - Falece João Batista de Almeida, aos 85 anos.

Crônica do João Ramalho

Texto: Rodolfo Zoboli

Quando me preparava para ir ao nosso jantar, me perguntava que tipo de sentimento teria ao rever amigos e mestres que não via há tanto tempo. Surpresa, alegria, felicidade ou constrangimento de não reconhecer estas pessoas? Seria a emoção maior do que rever as pessoas que normalmente encontro pela cidade? Que nada. Tínhamos todos, naquela noite, a mesma idade. Todos jovens novamente, de volta para o passado.

t EM 29 DE OUTUBRO DE...

1700 - Comarca de São Paulo é dividida em duas. A primeira, compreende a cidade de São Paulo, incluindo-se o atual território do Grande ABC.

1810 - Fundada a Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, para abrigar o acervo real trazido pela corte do príncipe regente D. João, em 1808.

1920 - Ato número 215 legisla sobre os terrenos que fazem frente para a Rua Marechal Deodoro, em São Bernardo, entre a ponte da Estrada da Vila (atual Avenida Pereira Barreto) e Rua Silva Jardim.

1968 - Fundado o Lions Clube São Caetano (Santa Paula). Seus 42 anos serão celebrados hoje com a presença do governador do Distrito L-5, Wilson Roberto Pinto Rodrigues, de Santos. João Pedro Pedullo é o atual presidente.

Trabalhadores

Nascem em 29 de outubro:

1909 - Antonio Lafalce, natural de Palmeiras (BA), contramestre da Rhodia. Residia à Rua Japão, 560.

1916 - Guiomar Carvalho. Natural de Piracicaba. Sócia nº 32 do Sindicato dos Químicos do ABC. Operária da Rhodia.

t HOJE

Dia Nacional do Livro, Dia da Abolição da Escravidão dos Índios no Brasil, Dia da Universidade Católica, Dia Mundial de Combate à Psoríase.

Falecimentos

ANTONIO JOSÉ PAULINO

(Andradas, MG, 9-4-1924 - Santo André 9-10-2010)

MARIA PANCERI PAULINO

(Andradas, MG, 1º-7-1926 - Santo André 10-1-2010)

"Mamãe pedia e papai tocava para ela uma antiga canção romântica chamada Pedacinho do Céu".

TBGeni Paulino Dias, citando a criação de Waldir Azevedo.

* * *

Sr. Antonio tocava muito bem o violino. Desde criança. Tocou em Andradas, tempo em que trabalhava na roça; tocou em Santo André - e aqui fez carreira de ferramenteiro na Laminação Nacional de Metais, onde se aposentou. Seu grupo musical era integrado por profissionais diversos, um deles dentista. Não sabia ler nem escrever. Alfabetizou-se sozinho, com muito esforço e dedicação.

Dona Maria também labutou na roça de Minas Gerais. Bastante inteligente, sempre meiga. Deu à luz dez filhos. Três partiram ainda crianças. Dos outros sete, metade nasceu em Minas, metade em Santo André, onde a família vive há 60 anos. Os filhos: Sandra, Maria, Antonio, Geni, Maurílio, Vanderlir e Hélio. Filhos criados com carinho e amor. Tanto que os sete irmãos cresceram trabalhadores como os pais, sem causar qualquer problema familiar.

Sr. Antonio, filho de Jerônimo José e Francisca Roberto do Espírito Santo; dona Maria, filha de Luiz Panceri e Josefa Montiel.

Dona Maria partiu primeiro, aos 83 anos; sr. Antonio foi agora, aos 86. Já idosos, tornaram-se evangélicos, da Congregação Cristã no Brasil. Em Santo André a família residiu na Vila Lucinda e, depois, na Vila Guiomar. Iriam completar 69 anos de casamento. Deixam 18 netos e seis bisnetos. Estão sepultados no Cemitério Santo André.