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Polícia faz megaoperação em morros no Rio de Janeiro
31/10/2003 | 00:07
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Apesar do forte esquema policial montado no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio, ninguém foi preso nesta quinta-feira e apenas um carro roubado foi recuperado. Por quatro horas, 250 policiais de delegacias especializadas fizeram uma operação na favela com o objetivo de prender traficantes.

Munidos de mandados de busca e apreensão, eles entraram em casas, mas não acharam nem armas nem drogas. Desde quarta-feira, 500 policiais militares ocupam o morro. Na noite de terça-feira, 12 traficantes morreram em um conflito entre grupos rivais da quadrilha que domina o Dendê. O motivo foi a briga pelos pontos de venda de drogas.

"A operação tinha como alvo todos os traficantes que tivessem mandados de prisão e poderiam estar escondidos ali. Entre eles estão o Miltinho (Romildo Souza, 46 anos) e o Noquinha (Claudecy de Oliveira, 25). Infelizmente, não tivemos êxito nas prisões. Acho que a ação da PM inibiu os bandidos", disse o delegado Rodolfo Waldeck, coordenador das delegacias especializadas. Segundo ele, o morro estava "tranqüilo e vazio" e não foi registrado nenhum conflito.

Desde esta quinta-feira, o Disque-Denúncia recebeu 12 ligações, informando sobre o paradeiro de criminosos e fornecendo detalhes de como aconteceu e de quem participou da guerra na favela.

O chefe – O confronto, que teve o objetivo de tomar pontos de venda de drogas, foi motivado pela prisão, no domingo, de Ronaldo Souza da Costa, 30, que chefiava o tráfico no local. Em seu lugar, teria assumido Claudecy de Oliveira, o Noquinha, 25, que recebia ainda o apoio de Romildo Souza, o Miltinho do Dendê, 46, irmão de Ronaldo. O ataque, segundo a polícia, partiu de oito homens de uma quadrilha rival e foi liderada por Edson Francisco Alves, o Bizulai, 32, e os traficantes identificados como Fernandinho e Marcelo Russo.

Comércio – A presença da PM garantiu a abertura do comércio na Ilha do Governador. Nesta quinta-feira, com medo de represálias, alguns comerciantes de ruas próximas à favela baixaram as portas. "Está tudo calmo. Essa ação foi entre bandidos e o comércio está funcionando normalmente", disse o coronel Pedro Paulo da Silva, comandante do 17º BPM, que, desde quarta-feira, montou uma base no topo do Dendê.

"Nosso objetivo é manter o contato direto com a comunidade", informou o comandante-geral da PM, coronel Renato Hottz. Segundo ele, a PM permanecerá na favela por tempo indeterminado. Hottz disse ainda que as operações de 'asfixia' nos acessos aos morros da cidade vão continuar para inibir a criminalidade.

Apesar disso, ele admitiu que é impossível impedir a entrada de armas e drogas. "Por mais que você asfixie, sempre existe uma brecha. Existem entradas fundamentais que deveriam ser melhor fiscalizadas, como portos, aeroportos e rodovias. Mesmo que tivéssemos 80 mil homens, seria impossível fechar todas as entradas. Esse ano, já apreendemos 10 mil armas, mas elas continuam entrando por causa do poder da droga."




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