Diarinho Titulo
Em boca fechada não entra mosquito
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
21/02/2010 | 07:03
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Nem sempre dá para dizer tudo o que vem na cabeça. Mas parece que Rafaela, interpretada por Klara Castanho, 8 anos, na novela Viver a Vida, não liga para isso. A menina teima em não fechar o zíper da boca quando precisa. Vira e mexe também se intromete em assunto de gente grande. Para piorar, Dora (Giovanna Antonelli), mãe de Rafaela, não dá bom exemplo.

Klara, que é de Santo André, não curte o comportamento da personagem e garante não fazer o mesmo. "Ela é indiscreta e abelhuda, mas no fundo tem bom coração. Só não tem limites, como diz a minha mãe de verdade", afirma. "Quem não tem trava na língua pode magoar alguém ou ser mal-educado", completa.

DOR DE CABEÇA - "Às vezes, pode-se perder uma amizade por falar o que não deve", afirma Matheus Vicentini Silva, 9, do Colégio El Shadai, em Santo André. "Isso pode terminar em briga e prejudicar a gente", diz a amiga Rafaela Vitorino Amarante, 9. Certo dia, ela falou mal da prima com quem havia brigado para outra prima. Resultado: a mãe soube, ficou brava e lhe chamou a atenção. Rafa arrependeu-se, pediu desculpas e fez as pazes.

Lucas Magalhães Lage, 9, do Colégio Anchieta, em São Bernardo, confessa que nem sempre dá para segurar as palavras e travar a língua. Mas sabe que isso não é legal. "Quando escapa e minha mãe escuta, levo a maior bronca."

Conversa de adulto

Há momentos em que não se pode ficar no meio de bate-papo de gente grande. "Adultos falam coisas que, às vezes, criança não entende", diz Yasmin Honda, 9, de Santo André. No entanto, os pais devem escolher lugar apropriado para discutir assuntos importantes.

Na opinião da galera entrevistada pelo Diarinho, separação, dinheiro e trabalho são alguns temas de conversas das quais não se pode participar. "Quando percebo que minha mãe está conversando sério com meu pai, saio de perto", conta Juliane Petenuci Vieira, 9, de São Bernardo.

Não há nada pior do que se intrometer em briga de adulto. Numa situação dessas, o melhor é se afastar ou pedir ajuda de outro adulto, que esteja calmo. "Uma vez vi uma confusão danada no aeroporto. As pessoas brigavam e gritavam, fiquei muito assustada", lembra Klara Castanho.

Mentira é diferente de segredo

Pior do que se meter em conversa de adulto é falar mentira. Ocorre quando se diz ou escreve-se algo, sabendo que não é verdade. Isso pode prejudicar e magoar outras pessoas, além de quem a conta, é claro. Segundo especialistas, até os 5 anos é possível confundir realidade e fantasia. Mas depois dessa idade, dá para saber quando se engana alguém.

Tem gente que mente para escapar da bronca depois de fazer algo errado, para impressionar amigos, superar uma dificuldade, levar vantagem, entre outros motivos. No entanto, nada justifica a atitude, que deve ser evitada.

É fácil identificar o mentiroso. Em geral, quem dá uma de Pinóquio não controla os gestos, por isso ri sem motivo, fica vermelho e até treme. Quem não fala a verdade também tem dificuldade em olhar no olho de quem ouve a lorota.

BOCA COM CADEADO - Não se deve confundir mentira com segredo. Os dois são diferentes. Festa surpresa, por exemplo, é um tipo de segredo. Não se pode contar ao aniversariante a verdade sobre o que a família e amigos planejam, mas isso não fará mal a ele.

Às vezes, os amigos precisam desabafar e acabam contando segredos que nem sempre são fáceis de guardar. Bruna Pelosine Rocha, 9 anos, de São Bernardo, encontrou uma solução para o problema: "Se for sério, fico com a cabeça cheia. Então, tenho de contar tudo para minha boneca."

Pode ver de tudo?

- A gente também não pode ver tudo o que quer. Mesmo que não goste quando seus pais o proíbem de assistir algo, eles estão agindo de forma correta. Há idade certa para ver determinados programas ou ler sobre certos temas. Essa regra serve para protegê-lo. Há filmes de terror ou com cenas violentas, por exemplo, que não podem ser vistos por quem tem menos de 18 anos, para evitar que se fique com medo e não consiga dormir à noite.

Segundo especialistas, antes dos 12 anos a gente não sabe diferenciar tudo o que pode fazer mal. Por isso, a proibição é necessária. E mais, na infância aprende-se muito por meio de exemplos. Atitudes incorretas de personagens podem influenciar negativamente. No Brasil, existe lei que obriga a emissora de TV a anunciar para qual público o programa ou filme é indicado. O mesmo vale para o cinema.

Não pode deixar espaço para a maldade

- Assim como não é nada legal dizer qualquer bobagem sem pensar, não é possível fazer tudo o que se tem vontade, principalmente quando pode magoar ou machucar alguém. Até os 3 anos, a gente não controla direito as emoções. Por isso, sentimentos como raiva, ciúmes e ódio (que todo mundo sente, às vezes) podem ser expressados por meio de pequenas maldades, como puxar o cabelo do amigo ou beliscar e empurrar o irmão mais novo. Mas a partir dos 4 anos, já começa-se a entender o que é certo ou não.

- Há um tipo de maldade que é considerada doença e precisa ser tratada. Ocorre quando alguém - de qualquer idade - faz algo muito ruim de propósito e, apesar de saber que é errado, gostou daquilo. Matar ou fazer bichinhos sofrerem é um dos exemplos.




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