Economia Titulo Capital de giro
Crédito federal deve ajudar cerca de 40% das MPEs da região

Se a expectativa for confirmada, até 83,2 mil empresas do Grande ABC poderão ser beneficiadas com verba do FAT de até R$ 5 bilhões

Por Vinícius Claro
Especial para o Diário
18/06/2016 | 07:00
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O Sebrae realizou ontem, no Senac de São Bernardo, o primeiro mutirão de orientação sobre a linha de crédito de até R$ 5 bilhões disponibilizada pelo governo federal para financiar o capital de giro de MPEs (Micro e Pequenas Empresas). Ao todo, 350 empreendedores estiveram presentes. De acordo com o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, Joaquim Celso Freire, a expectativa é a de que de 30% a 40% das MPEs da região busquem esse recurso.

“A gente só vai colher os resultados no segundo semestre, mas o o fato de o empresário ter uma visão de apoio muda a atitude, faz ele acreditar, e isso é importante para uma retomada da economia”, afirmou Freire. O presidente da Agência também destacou que os micro e pequenos empreendimentos são responsáveis por 50% dos empregos na região.

O Grande ABC possui 230 mil empresas, sendo que 208 mil são micro ou pequenas. Se as expectativas iniciais se confirmarem, de 62,4 mil a 83,2 mil MPEs buscarão o crédito.

O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, esteve presente na solenidade e destacou o papel importante que o projeto tem na manutenção de empregos. “É uma iniciativa que garante reciprocidade social, já que é preciso manter o mesmo número de vagas. E as empresas com mais de dez empregados devem contratar um aprendiz entre 14 e 24 anos.”

Afif explica também que o mutirão serve para esclarecer dúvidas, e que, em alguns casos, o empréstimo não é a saída ideal. “Às vezes, a orientação faz com que nem chegue ao crédito, porque o problema da empresa é de gestão. Alguém que toma um financiamento tendo um problema administrativo pode ter mais problemas que soluções.”

A verba destinada pelo governo federal é originária do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Do valor total, R$ 3 bilhões estão disponíveis pelo BNDES, com taxa de juros a 17% ao ano, e R$ 2 bilhões, pelo Banco do Brasil, com taxa anual de 19%. As empresas interessadas têm de ter faturamento entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões.

Os créditos para capital de giro tem um teto de R$ 200 mil. Afif destacou que “não é um taxa de juros baixa, mas foi a menor possível.”

Recurso disponível anima empresários

Os micro e pequenos empresários receberam com otimismo a notícia sobre a criação da linha de crédito para as MPEs. Em evento na manhã de ontem em São Bernardo, além das consultorias, foram oferecidas orientações sobre como proceder para regularização de débitos.

Proprietário de uma empresa de instalação de canteiro de obras de Mauá, Onório José Migotto, 54 anos, está há 15 anos no mercado e cita que a demanda caiu muito. Ele cita que precisou reduzir a quantidade de colaboradores e que esse crédito permite que não haja mais demissões. “A possibilidade é excelente porque dá um fôlego para passar essa fase. São linhas de crédito que, sabendo usar, são importantes para muitas empresas.”

Tânio Silva, 54, proprietário de uma escola infantil em Santo André, precisa do capital para fazer pequenas melhorias no estabelecimento. “Já tive visita de funcionários do Sebrae que indicaram que eu buscasse o microcrédito.”

Dono de um sex shop em São Bernardo, Vladimir Domingues, 49, afirma que, após montar a loja, ficou um ano sem trabalhar por causa de um acidente e que agora necessita de dinheiro para conduzir o comércio. “Preciso de uma injeção para investir no site, canais de venda e divulgação.”

Já André Agata, 31, proprietário de uma oficina para reparos automotivos, diz que seu setor está na contramão da crise, já que muitas pessoas estão optando por consertar o carro ao invés de comprar um novo. Mesmo assim, o aporte oferecido é interessante pela possibilidade de ter R$ 200 mil como capital de giro e pelos juros reduzidos. “Achei bem interessante a taxa, que é mais baixa do que a do banco.” 




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