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Arranhada, Seci continua campeã do Carnaval de Santo André
Por Illenia Negrin
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
13/02/2005 | 15:34
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A escola de samba Seci continua com o título de campeã do Carnaval 2005 de Santo André. A decisão foi tomada na noite desta sexta-feira em reunião realizada entre os 15 presidentes das agremiações e a Uesa (União das Escolas de Samba de Santo André). O presidente da Seci, Edvaldo Jatobá de Lima, admitiu que vendeu todas as fantasias e carros alegóricos à Acadêmicos do Taí, de São Bernardo, para conseguir recursos extras e terminar os preparativos do desfile. Resultado: ambas levaram à avenida a mesma apresentação, em dias e cidades diferentes.

Apesar da atitude polêmica de Jatobá, não há punição prevista no regulamento da Uesa para a clonagem dos carnavais. A única exigência é que todos os elementos do desfile sejam inéditos. E, na interpretação do conselho de presidentes, a Seci não infringiu as regras, já que apresentou o tema Coloquei, tirei, mas quem sou, eu sei um dia antes da Taí, no domingo passado. "Entendemos que a exigência do desfile inédito foi cumprida e, pelas regras, não há como punir a campeã", afirma a presidente da Uesa, Neuza Cavazzana Stocco.

É verdade que a Seci escapou da punição oficial – por falta de embasamento jurídico – e permanece com o troféu. Mas teve de pedir desculpas públicas por permitir o plágio de seu desfile. "O presidente se desculpou perante os outros. E ainda vai redigir uma carta às outras escolas oficializando o pedido", contou Neuza.

A cópia descarada de desfiles é novidade no Grande ABC e colocou em alerta os organizadores da folia em Santo André, que prometem rever as regras do Carnaval para o próximo ano. "Não podemos perder a credibilidade", sustenta Neuza. Há suspeitas de que as duas escolas tenham feito caixa único para o desfile, com dinheiro público.

O próprio presidente da Taí, Edézio Lima, confirmou que juntou o dinheiro com a agremiação de Santo André. O que deixaria as outras agremiações em franca desvantagem. Juntas, Seci e Taí somam R$ 53 mil. A subvenção paga por São Bernardo foi de R$ 32 mil; na cidade vizinha, pagou-se R$ 21 mil, valor, aliás, que gera intermináveis protestos por conta das escolas andreenses.

A Uesa, segundo a presidente, não tem meios para apurar a veracidade dos fatos. O jeitinho financeiro, supostamente arranjado pelas escolas para engordar a verba do Carnaval, é da alçada do Tribunal de Contas do Estado, que recolhe todos os anos a declaração de gastos com o desfile. "Este ano, com certeza, essa prestação de contas será analisada com muito mais rigor", acredita.

 Estadual – Em São Bernardo, as diretorias das escolas decidiram não aplicar punição a Acadêmicos do Taí pelo plágio apresentado na avenida. Em reunião realizada na noite de quinta-feira, para discutir a questão, as agremiações entenderam não poder criticar a postura da Taí por dois motivos: não há perda de pontos prevista no regulamento para esse tipo de atitude e, ainda, por conta de enxertos de desfiles de outras escolas (geralmente de São Paulo) serem comuns na passarela do samba de São Bernardo.

A preocupação na cidade, passado o corre-corre do Carnaval, é outra. As escolas questionam as notas aplicadas pelos jurados. Portanto, na próxima quarta-feira, a Federação das Escolas de Samba de São Bernardo vai discutir a legitimidade das notas dos jurados responsáveis por avaliar as 17 escolas de samba da cidade à Uesp (União das Escolas de Samba de São Paulo). A assessoria da Federação pede, em nome das agremiações, as justificativas das notas aplicadas às escolas, uma vez que não constam das súmulas entregues pelos jurados como determina o regulamento do Carnaval.

Desde o anúncio da vitória da Terceira Idade Brilha São Bernardo, na última quinta-feira, os sambistas das agremiações concorrentes, tanto as de elite quanto as de acesso, se dizem revoltados. O questionamento quanto a uma possível ilegalidade já faz com que a Federação pense em aumentar o número de jurados por quesito avaliado a partir do ano que vem. Outra proposta que deve começar a ser estudada pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC é a criação de um Carnaval regional que pode incluir a construção de um sambódromo fixo.

Por ora, a Federação e a entidade estadual não sabem informar se a nova avaliação pode gerar algum tipo de modificação na classificação das escolas no Carnaval 2005. "O primeiro passo é entendermos os critérios utilizados pelos jurados para votar cada um dos dez quesitos que constam do regulamento", explica a assessora da Federação das Escolas de Samba de São Bernardo, Renata Aranha.




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