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Centro mantém viva a tradição das serenatas

Seresteiro de Diadema faz apresentação de músicas tradicionais da MPB e relembra época em que se cantava na janela

Yago Delbuoni
Especial para o Diário
16/06/2015 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Quando se fala em serenatas, logo vêm à imaginação filmes antigos nos quais se cantava embaixo de uma janela para seduzir a mulher amada.

No Centro de Diadema, grupo formado por quatro cantores mantém viva a tradição. O professor de violão Oscar Nakajima, o vendedor Marcel Queiroz, a massoterapeuta Leninha Queiróz e a engenheira Ester Santos formam os Seresteiros de Diadema, que fazem apresentações desde 2009.

Eles, porém, não cantam debaixo de janelas. “Bem que gostaríamos, mas, com a violência, não conseguimos. Geralmente cantamos em locais fechados”, disse Oscar Nakajima, 65 anos.

A tradição das serenatas é bem antiga. “É uma viagem no tempo, homem de espada em uma mão e alaúde na outra. O Brasil não deixou de seguir o estilo.”

O repertório dos Seresteiros de Diadema é composto por músicas de MPB regional e tradicional. Eles, inclusive, participaram de programas de televisão. “Lançamos CD no Senhor Brasil (TV Cultura). Lá cantamos Lua Branca, Casinha Pequenina, Flor Amorosa e Triste Berrante. É romantismo puro.”

Segundo Nakajima, as músicas mais pedidas pelo público são Eu Sei Que Vou Te Amar e Emoções. “Fazemos filantropia e visitamos o Instituto do Câncer. Enquanto passamos pelas alas do hospital, vamos cantando Emoções, do Roberto Carlos. A gente vê muitas pessoas chorando. Às vezes é tão intenso que não consigo cantar sem chorar também.”

Questionado sobre o que a música significa para ele e o grupo, Nakajima disse: “Para mim é uma terapia. Não me deixou rico, mas é realmente muito gratificante praticá-la.”

Além do prazer de cantar, Nakajima disse que a reação do público é ótima. “Na última apresentação, no Teatro Clara Nunes, também aqui no Centro, a gente viu o público cantando junto. A plateia chorava e entoava as letras, participando do show, e não apenas assistindo a ele. É muito bom saber que a nossa interpretação tem o poder de emocionar”, garantiu.

Além de seresteiro, Oscar Nakajima é professor de violão na Casa da Música, também localizada na região central do município. “Estamos em um oásis verde, Temos um bosque, muitas aves. O lugar reúne música ao canto dos pássaros, é ideal. Não tenho nada para reclamar. Além disso, gosto dos funcionários daqui e dos alunos que frequentam as aulas. É perfeito”, garantiu.

Tapioca é a iguaria mais pedida

Em frente ao Teatro Clara Nunes, próximo ao Shopping Praça da Moça, em Diadema, a barraca de tapioca do comerciante Tomás Pinto de Mesquita, 54 anos, faz sucesso.

Natural de Natal, no Rio Grande do Norte, Mesquita começou a fazer a iguaria ainda na infância. “Meus pais trabalharam nas casas de farinha de lá. Aprendi desde cedo. Aqui em Diadema havia o Projeto Tapioca e eu estava desempregado na época. Há seis anos que atuo com isso e deu supercerto.”

Morador do Parque Real, a rotina do comerciante é chegar no ponto às 5h50 e vender até as 16h. “O movimento no Centro é muito intenso, mas nem todos comem tapioca, porque se não estaria rico”, brincou.

A média de vendas, por dia, é de 50 beijus. Mesquita garantiu que a barraca tem público fiel. “Os meus clientes disseram que, além de ser tudo bem organizado, tem muito recheio. Tenho um cliente que sai do bairro Piraporinha, me liga, pede para que eu faça e vem buscar. Os funcionários do shopping (Praça da Moça) também pedem.”

O vendedor garantiu que o diferencial é o atendimento. “Já conhecem ou vem pela indicação. ‘Já comi tapioca em alguns lugares, mas a sua é diferente’, eles falam. A casa agradece.”

O vendedor contou que os ingredientes são preparados em casa e os clientes aprovam. “Deixo tudo preparado. O público garante que o sabor encontrado aqui não tem igual em outro lugar.”

Os valores das tapiocas ficam entre R$ 2 e R$ 6. A mais pedida é a frango com catupiry.

Animes, gibis e vinis atraem clientes dos 5 aos 60 anos

Se você, leitor, imagina que lojas vendendo discos de vinil ou gibis são coisa do passado, precisa conhecer estabelecimento localizado na Rua Graciosa, no Centro de Diadema.

O comerciante Aloísio Costa de Jesus, 45 anos, está no local há 12. O perfil do público mudou. “Hoje é mais variado. Quando cheguei aqui, era mais específico, para quem gosta de anime e quadrinhos. Mas com a popularização de séries de TV e filmes, isso mudou e atendo desde crianças a partir dos 5, 6 anos até idosos com mais de 60.”

Jesus disse que o comércio e a disponibilidade de artigos na internet reduziram as vendas. “Quando comecei, lojas como a minha eram muito raras. Havia duas na Capital e somente uma no Grande ABC. Era um mercado inexplorado. Hoje a internet oferece muita coisa que as lojas não têm.”

Ao longo desses 12 anos, o comerciante, morador de São Paulo, fez diversos amigos. “A loja virou um ponto de referência para a molecada da região que antes precisava ir para São Paulo para achar o que gostava.”

Jesus disse que já se assustou com a paixão de alguns clientes. “Se passar um dia aqui, é possível encontrar um pessoal que começa a falar de gibis e super-heróis com um envolvimento tão grande e apaixonado que parece que está falando de um parente, do próprio irmão.”

Na loja há alguns produtos raros, como a edição em capa dura do Tarzan, que custa aproximadamente R$ 350, e uma coletânea de contos de terror com teor erótico. “Esta coleção era publicada entre as décadas de 1970 e 1980. É possível encontrar alguns números espalhados pelas lojas, mas a coleção é difícil de achar e custa R$ 400.” 




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