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Indústrias perto de casas divide urbanistas
Isis Mastromano Correia
Do Diário do Grande ABC
29/03/2009 | 07:02
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Ser o município com a segunda maior concentração de habitantes por quilômetro do Brasil conferiu a Diadema cenários que seriam pouco prováveis em outras cidades: indústrias convivendo tão próximas das casas.

A lei de zoneamento municipal admite que residências dividam espaço com o setor industrial e sobre isso, urbanistas têm opiniões distintas.

"Ter habitação ao lado de indústria, desde que não sejam suscetíveis a incômodos, não é um problema em si. Esse incêndio demostra que o problema não foi a lei que organiza a cidade, mas sim, a falta de fiscalização sobre as atividades e ações da empresa", aponta a urbanista e pesquisadora do Instituto Pólis de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais, Paula Santoro.

A especialista explica que a ideia de misturar indústrias com residência é interessante por facilitar o transporte das pessoas e gerar empregos próximos às moradias.

Issao Minami, professor da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), defende uma revisão da lei de zoneamento que segregue bairros residências de locais de produção.

"Por aceitarmos a configuração da cidade como está, vamos atrás do prejuízo. É só quando acontece uma tragédia dessas que pensamos em dispositivos que evitassem tal desfecho", diz Minami.

Diadema é considerada cidade dormitório e, por isso, não houve ênfase sobre a questão da moradia. As esferas estaduais e federal do governo, por sua vez, passaram a tratar a questão da habitação como um problema que cada cidade teria de resolver sozinha.

Histórico - A miscelânia entre residências e indústrias em Diadema é herança do boom industrial do Grande ABC na década de 1950. A cidade virou oásis dos que buscavam possibilidade de emprego.

Enquanto pessoas buscavam espaço para se instalar próximo ao trabalho, as fábricas queriam território para se estabelecer na região que começava a se consagrar como industrial.




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