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Cresce apreensão de animais silvestres
Por Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
11/08/2006 | 07:39
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Aumentou o número de animais silvestres apreendidos pela Polícia Militar Ambiental no Estado. Segundo relatório apresentado pelo departamento de estatística, foram apreendidos 25.111 animais no ano passado, contra 18.217, em 2004. A alta nas apreensões se estende para os primeiros meses deste ano, quando, apenas na região do Grande ABC, foram apreendidas 791 espécies da fauna silvestre no período de janeiro a início de agosto. Deste total, mais de 90% são aves, com destaque para o Canário-da-terra e o Coleiro-baiano.

Segundo o sargento Robson Fernandes Cordeiro, responsável pelo setor, os números são resultado do trabalho intensivo de fiscalização e também do aumento de quadrilhas especializadas na captura desses animais. O mercado ilegal de venda de pássaros brasileiros é atraente aos criminosos. Uma espécie nacional, como o Picharro, por exemplo, chega a ser comercializado por mais de R$ 300, assim como o Curió, muito valorizado em terras estrangeiras.

De acordo com o tipo da ave, porém, o preço pode ultrapassar os R$ 2 mil, principalmente se o animal participa de concursos de canto. Mas, segundo o criador Paulo Fogli, os caçadores no Brasil não têm essa pretensão. “As pessoas que capturam pássaros por aqui fazem isso apenas para não morrer de fome, porque dinheiro bom esse mercado não dá”, garante Fogli.

A preferência dos criminosos ainda é explicada pela facilidade de transporte, já que as aves podem ser levadas de forma dissimulada, ou seja, escondidas em locais pequenos e de difícil fiscalização. Segundo o levantamento, o tráfico de animais acontece, de maneira mais intensa, nas áreas mais populosas do Estado, como a região metropolitana de São Paulo, que inclui o Grande ABC. No período pesquisado (de 2001 a 2005), cerca de 2.300 animais foram apreendidos nas sete cidades da região.

Para o sargento Nelson Bertole, da Seccional ABC, o número é alto e ocasionado pelo trabalho da fiscalização. “Nosso pelotão, que hoje é formado por 39 policiais, trabalha diariamente na busca por animais em perigo ou situação irregular”, afirma. Entre os equipamentos utilizados, estão duas viaturas, duas motos e uma embarcação, que atua na Represa Billings contra a pesca predatória.

Conscientização– O funcionário do departamento de gestão ambiental do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), Abinadabe Delmiro Florêncio, conta que um trabalho de educação e conscientização feito pela autarquia demonstra resultado. Em dois anos de trabalho, foram recolhidas mais de 120 gaiolas de praças públicas e residências particulares. “Muitas pessoas se aproveitam da fragilidade de algumas espécies para capturá-las ou vendê-las no mercado negro. Isso acontece, normalmente, no período de acasalamento dos bichos, época em que as aves migram para as cidades”, conta Florêncio.

A pesquisa ainda confirma que o Estado é usado como rota e destino do tráfico. O estudo prova que, de todos os animais apreendidos no período, apenas 18% eram de origem paulista. Os demais são provenientes de matas de outros Estados. Os criminosos passam por São Paulo para distribuir os bichos nas rodovias Régis Bittencourt, Presidente Dutra, Castello Branco e Washington Luiz, entre outras.



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