Política Titulo Mundial
Auricchio projeta região
inserida na Copa de 2014

Ex-prefeito de São Caetano e futuro secretário estadual de
Esportes diz que Grande ABC pode ser subsede do Mundial

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
13/01/2013 | 07:00
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O ex-prefeito de São Caetano José Auricchio Júnior (PTB) assume amanhã o cargo de secretário de Esportes do governo do Estado e vai capitanear a discussão para transformar a região em uma subsede da Copa do Mundo. "O Grande ABC tem papel suficiente para encampar algo, seja subsede ou qualquer outra coisa. Não podemos deixar escapar essa oportunidade", avalia o petebista, em entrevista exclusiva ao Diário. Para o futuro titular da Pasta, os estádios 1º de Maio, em São Bernardo, e Anacleto Campanella, em São Caetano, são locais em condições de receber alguma seleção que jogará o torneio. Reconduzindo a região ao primeiro escalão do Palácio dos Bandeirantes - o que não acontecia desde 2007 -, Auricchio afiança ter recurso estadual para reforma no estádio Bruno José Daniel, em Santo André, e diz que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) deu a missão de investir no esporte paraolímpico. "Temos de trabalhar essas duas frentes: Copa do Mundo e o esporte propriamente dito, o conceito de esporte, com pilar comunitário e de alto rendimento, além de forte viés para o paraolímpico". Ex-prefeito por dois mandatos em São Caetano, Auricchio também garante que o Estado está preparado para formar atletas competitivos para a disputa dos Jogos Olímpicos, aproveitando estruturas de cidades com know-how esportivo, e discorre sobre o futuro do estádio do Pacaembu, que corre risco de ficar subutilizado devido às obras para as arenas do Corinthians, Palmeiras e São Paulo. "O Pacaembu vai precisar de solução conjunta. Ele é da prefeitura de São Paulo, mas é patrimônio do Estado e do Brasil."

 

DIÁRIO - Qual visão administrativa o sr. pretende levar para a Secretaria Estadual de Esportes?

JOSÉ AURICCHIO JÚNIOR - Obviamente falo antes de assumir, falo pelo que discuti com o governador sobre as diretrizes. A secretaria tem três fazes de trabalho, Esporte, Juventude e Lazer. O Esporte é o carro-chefe e é impossível fugir do assunto Copa do Mundo. É o que mobiliza o cenário esportivo brasileiro. São Paulo tem essa missão de ser abertura da Copa e o calendário está muito intenso para o esporte no Estado de São Paulo. Óbvio que, a despeito dessa intensidade que terá de aplicar para executar a Copa do Mundo em alto nível, não podemos parar com ações do esporte, que são hoje capilarizadas no Estado, ações da comunidade. Qual o objetivo do esporte? São dois. Um é chegar à comunidade, oferecer ao cidadão o esporte que possa fazê-lo ter qualidade de vida, envelhecimento saudável, o jovem ter atividade. Tudo que sabemos de seu caráter social. E o outro lado é o esporte competitivo, de alto rendimento. O Estado não pode ficar fora do conjunto, com um adendo, que é determinação do governador: o esporte paraolímpico tem de ter toda a prioridade necessária para ser fazer política pública permanente. Temos de trabalhar essas duas frentes. Copa de 2014 e o esporte propriamente dito, o conceito de Esporte como pilar comunitário e de alto rendimento, além do forte viés para o paralímpico. Foi determinação do governador investir pesado no setor paraolímpico, com construção de centros e levar para o interior do Estado porque às vezes concentramos ações de excelência na Capital e na Região Metropolitana, mas temos 645 municípios.

 

DIÁRIO - O Grande ABC tem capacidade de ser subsede da Copa de 2014?

AURICCHIO - Não tive oportunidade de discutir isso com o governador. É assunto estritamente técnico e tenho compromisso de me debruçar nisso. Estou vendo na visão de administração e vejo que o Grande ABC tem oportunidade. Em meu conceito teórico, antes de ver a secretaria, o Grande ABC tem papel suficiente para encampar algo. Seja subsede ou qualquer outra coisa. Não podemos deixar escapar essa oportunidade. Mas acho que tem de haver ação de regionalidade. Se os municípios se colocarem isoladamente estarão numa briga fratricida e ninguém vai ter vantagem nisso. Compromisso até meu de chegar à secretaria é me debruçar nessa questão e trazer para o Consórcio esse papel de discussão.

 

DIÁRIO - Dá tempo de passar por todas essas fases burocráticas até a Copa?

AURICCHIO - Acho que dá tempo para essa discussão. Mas temos de fazer otimização dos recursos dos equipamentos esportivos da região.

 

DIÁRIO - Quais estádios da região o sr. vê em condições de ser apresentado ao COL (Comitê Olímpico Local)?

AURICCHIO - O Estádio 1º de Maio (em São Bernardo) está em condição muito boa. O Anacleto (Campanella, em São Caetano) também, deixamos projeto de reforma e ampliação com financiamento do Ministério do Esporte. O próprio governador determinou que o Desenvolve São Paulo (Agência de Desenvolvimento Paulista) disponibilizasse linha de crédito específica para Copa do Mundo, que atende aos entes privado e público. As próprias prefeituras podem requerer financiamentos, a juros subsidiados e interessantes, para fazer melhorias em prol da Copa do Mundo. Tem financiamento para área de infraestrutura e parte esportiva. Mogi das Cruzes, por exemplo, vai reformar a arena com dinheiro do Desenvolve São Paulo. Então o Grande ABC pode se beneficiar disso, de verbas que o Ministério do Esporte e o governo do Estado disponibilizam. Em São Caetano deixamos pronto o projeto calcado nos recursos do Ministério do Esporte.

 

DIÁRIO - O que dá para projetar para a região nos Jogos Olímpicos?

AURICCHIO - São Paulo é o carro-chefe que tem de demonstrar seu celeiro olímpico no Estado. O governador tem tido olhar cuidadoso no sentido de investimento, aprimoramento e estruturação das várias modalidades que o Estado já tem histórico. Falando claramente, vamos fomentar isso de forma otimizada. É importante que São Paulo se prepare para apoiar a Olimpíada, embora seja no Rio de Janeiro, mas precisa ser o grande celeiro dos atletas olímpicos.

 

DIÁRIO - De que forma essa ideia pode ser aplicada?

AURICCHIO - Trabalhar isso via federações e confederações. Não tem como, é onde se investe, aprimora, forja o atleta, tanto olímpico quanto paralímpico. E temos de usar estruturas dos municípios. Tem de pegar cidades com estruturas, voltadas no fomento, preparo e produção esportiva. Grandes cidades têm essa capacidade. São Caetano, São Bernardo, Santos, São José dos Campos, Piracicaba. Grandes centros esportivos olímpicos que precisam estar engajados na Olimpíada.

 

DIÁRIO - O governo do Estado pode auxiliar na revitalização do Estádio Bruno José Daniel, em Santo André?

AURICCHIO - O exemplo é o da linha de crédito. O governador determinou que o Desenvolve São Paulo tenha linha de crédito exclusiva voltada para a Copa. Você pode usar nas arenas, nos equipamentos e estrutura de entorno para trazer melhorias locais. É financiamento ótimo de as prefeituras buscarem seu espaço na Copa. Ou ainda que não seja na Copa, aproveitar o momento que o Estado oferece.

 

DIÁRIO - O Estádio do Pacaembu é municipal, mas corre grande risco de ficar subutilizado. O governo do Estado pode agir para garantir eventos esportivos no local?

AURICCHIO - O Pacaembu vai precisar de solução conjunta. Ele é da prefeitura de São Paulo, mas é patrimônio do Estado, do Brasil. O Pacaembu é estádio que tem história ligada ao futebol. São Paulo terá, com inauguração do Itaquerão, da Arena do Palmeiras e o Morumbi se modernizando, oferta de arenas. Mas o Pacaembu acho que tem de ter estudo intensivo, resgate histórico. Não dá para imaginar lá virando qualquer coisa que não seja uma arena multiuso, com compensação local, já que é área residencial. O Pacaembu precisa de comissão multidisciplinar para fazer estudos.

 

DIÁRIO - O sr. entregou a Prefeitura de São Caetano com Orçamento de R$ 1 bilhão e vai administrar agora R$ 174,5 milhões. É muita diferença administrativa?

AURICCHIO - Tem outras fontes de financiamento. Tem a Lei de Incentivo ao Esporte, ferramenta extremamente importante que precisamos superutilizá-la. É uma das principais missões. Vamos nos utilizar das Parcerias Público-Privadas, de visão moderna de administração pública. E há o Desenvolve São Paulo. É muito interessante sobretudo para as prefeituras utilizarem os recursos.

 

DIÁRIO - Quais projetos estaduais podem ser alocados no Grande ABC?

AURICCHIO - Temos de olhar sob dois aspectos. O primeiro deles é via Consórcio, que tem papel fundamental; sou incentivador, gosto do Consórcio, é uma grande ferramenta. Outro é que a Secretaria de Esportes tenha presença em cada uma das sete cidades. Não interessa volume financeiro. São Bernardo pode ser muito rica, ter toda estrutura montada, mas se pudermos chegar lá, reformando equipamento, liberando praça esportiva para a terceira idade, vamos chegar. O governador me pediu muito isso, como prioridade, de encarar a terceira idade como um dos grandes objetivos da Secretaria de Esporte e Lazer. O perfil demográfico do Estado é de envelhecimento. Embora a Secretaria de Saúde seja a secretaria-chefe que carrega as políticas públicas dos idosos, a Pasta de Esporte pode atuar de forma conjunta. Para trazermos não só os CRIs (Centros de Referência do Idoso), mas para que possamos otimizar outros equipamentos públicos e privados, para trazer política pública para o idoso. Precisamos ter presença forte nisso. Junto com o esporte paraolímpico essa foi outra determinação do governador.

 

DIÁRIO - Prefeitos têm reclamado cada vez mais de organizar os Jogos Abertos do Interior e Jogos Regionais, pelo valor do repasse do Estado a eventos que hoje são de grande porte. Como solucionar esse impasse?

AURICCHIO - Existe na secretaria uma comissão de estudo dos Jogos Abertos. Pretendo chegar e me inteirar, saber em que fase que está. Até para dar fundamento em um pleito que eu sei que é real, que existe. É importantíssimo a magnitude que tem os Jogos Abertos para o Estado, é uma Olimpíada de alto nível. Muita gente se sacrifica, se doa. Vou legar inclusive minha experiência de anfitrião (São Caetano sediou o evento em 2009). Talvez a dupla sede seja uma saída. A comissão foi montada antes (de eu assumir), é demanda permanente dos prefeitos. Não podemos deixar os Jogos Abertos perder o glamour.




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