A repositora Daniela Monique de Araújo, 27 anos, moradora do Ferrazópolis, em São Bernardo, espera há sete meses para passar a filha Luiza Gabriela Araújo dos Santos, 6, em consulta com um otorrinolaringologista na UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro. Há três anos a criança tem problema de adenóide, massa de tecido localizada na parte de trás do nariz e do céu da boca. Conhecida como carne esponjosa, não representa uma doença, mas pode ocasionar hipertrofia e trazer complicações.

Com guia desde janeiro para consulta com o otorrino e sem expectativa de atendimento, a mãe, por meio de uma assistente social, conseguiu consulta no Hospital Monumento, no Ipiranga. “O médico constatou que minha filha precisa de cirurgia e me deu a guia para entregar na UBS, mas, chegando lá, me falaram que, como não passei no município, não poderiam fazer a operação.”

Sem o procedimento, a obstrução nasal pode fazer com que a criança só consiga respirar pela boca, o que, segundo Daniela, já acontece com Luiza.

Procurada, a Prefeitura diz que a otorrinolaringologia é uma das especialidades médicas em que a oferta de vagas por parte das unidades de referência regional, mantidas pelo governo do Estado, precisa ser complementada pelo município. Por isso, atendimentos são realizados no Hospital Anchieta, que também é responsável por procedimentos cirúrgicos para essa especialidade.

Com relação à guia do Hospital Monumento, a administração explica que ela deveria ter sido encaminhada pela Central de Regulação estadual. Como isso não foi feito, a usuária deve dirigir-se à UBS Ferrazópolis para o agendamento da avaliação pré-cirúrgica no Hospital Anchieta,

A administração enfatiza, porém, que o procedimento de adenóide não é considerada de urgência, sendo priorizados casos mais graves.