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Região promove ações contra a dengue até dia 7

Aumento de pessoas contaminadas e de mortes mobiliza combate conjunto ao Aedes Aegypti

Yasmin Assagra
Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
26/11/2019 | 07:00
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Divulgação/PMSA


O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC anunciou ontem a realização de força-tarefa pelas sete cidades contra o mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, zika vírus e febre Chikungunya. Devido ao aumento do número de contaminações da doença na região neste ano – foram registrados 1.591 casos em cinco cidades desde janeiro e duas mortes (em Mauá) – serão promovidas atividades como mobilização porta a porta e em locais de grande circulação de pessoas até o dia 7 de dezembro.

Denominada Todos Juntos Contra o Aedes, a campanha regional foi apresentada ontem pelo presidente do Consórcio e prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB). Segundo ele, embora os casos da doença estejam abaixo dos registros de 2015 – ano em que foram contabilizados 7.384 doentes e sete vítimas fatais –, a alta de contaminações e a proximidade do verão preocupam. “Pelas notificações, os casos já deveriam ter baixado, por isso, antecipamos a solução de um problema”, diz. O prefeito se refere ao fato de os técnicos da entidade alertarem que as notificações de dengue deveriam ter baixado após a semana epidemiológica de número 40, que é a partir de outubro, o que não aconteceu.

Levantamento feito pelo Diário com base nos dados das prefeituras mostra que, juntas, cinco cidades – Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Mauá – contabilizaram neste ano o equivalente a cinco casos de dengue por dia, além de dois óbitos. No ano passado, foram 75 ocorrências e nenhuma morte no Grande ABC.

Na visão do presidente do Consórcio, o clima e os descuidos por parte da população são responsáveis pelo retorno da doença à região. A temperatura elevada favorece a reprodução do mosquito – em outubro de 2018, a máxima foi de 32,4°C, enquanto que neste ano o número saltou para 35,3°C. “O ciclo viral aponta para possível alta dos casos a partir de janeiro. Essa mobilização regional é para evitar a sensação de controle da doença, como ocorreu nos último dois anos. Não adianta uma cidade fazer sua parte se a vizinha permitir a proliferação do mosquito transmissor. Temos que trabalhar em conjunto”, afirmou.

O cronograma foi definido a partir das reuniões da sala de situação regional de arboviroses – o grupo realiza reuniões mensais desde 2011 no Consórcio. As ações serão desempenhadas em todas as sete cidades, entre elas atividades educativas nas escolas municipais e estaduais, em estações de ônibus e trens, capacitação de educadores, bloqueio de criadouros, mutirão em unidades de saúde e panfletagens.

A entidade regional recomenda que, caso um munícipe encontre foco de dengue, acione a equipe de vigilância sanitária e epidemiológica para que seja feita vistoria.

Para especialistas, conscientização é falha

A realização de ações voltadas à prevenção da dengue em apenas um período do ano é apontada por especialistas como principal fator para que a população descuide das ações de combate e a doença não seja contida no Grande ABC.

Patrícia Montanheiro, biomédica e coordenadora do laboratório de análises clínicas da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), considera que as campanhas de conscientização a respeito da dengue são falhas. “Elas são feitas apenas durante o verão, quando o mosquito já está proliferado. Como a campanha não é constante, as pessoas descuidam no dia a dia da prevenção.”

Na avaliação de Antonio Bandeira, consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), a ausência de medidas a longo prazo impacta no aumento de pessoas doentes. “Ainda enfrentamos a falta de saneamento básico, mantendo criadouros (do Aedes aegypti) ativos”, esclarece.

No Brasil, são quatro tipos de vírus causadores da dengue e quem é infectado por um deles não fica imune aos demais. “Temos uma grande quantidade do mosquito vetor no País. É o problema de saúde pública número um”, afirma Bandeira. 




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