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PCC suspende 24 audiências na região
Por Luciano Cavenagui
Do Diário do Grande ABC
22/02/2007 | 22:24
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A greve branca ordenada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) em todo o Estado fez com que 24 audiências fossem adiadas nesta quinta no Grande ABC. Segundo ordem da facção, os presos não devem comparecer aos fóruns, bem como realizar trabalhos internos nas unidades. A atitude é um protesto contra supostos maus-tratos sofridos por detentos em presídios em Presidente Venceslau e Presidente Bernardes, no interior, municípios onde está encarcerada toda a cúpula do PCC.

De acordo com a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), das 144 unidades prisionais do Estado, 80 aderiram ao movimento, incluindo os quatro CDPs (Centros de Detenção Provisória) da região, localizados em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá.

Diadema foi a cidade que mais cancelou audiências nesta quinta, 11 em todas as varas. Em toda a região, os adiamentos só não foram maiores por causa da diminuição de audiências em razão do período pós-Carnaval. As varas afetadas foram as criminais e as do Júri (onde são julgados crimes contra a vida, homicídios).

Pela legislação, nenhum réu é obrigado a comparecer à audiência. Na prática, ele é o principal prejudicado, pois seu processo vai demorar mais tempo para ser julgado.

No Fórum Criminal da Barra Funda, o maior do Estado, 80% das audiências foram adiadas.

Algumas faixas protestando contra as supostas agressões dos presos foram espalhadas a mando do PCC em algumas cidades do Estado, incluindo Mauá.

Uma faixa com a inscrição Abaixo a Opressão em Presidente Venceslau foi pendurada na passarela da estação de trem, sobre a avenida Capitão João, no Centro do município. Guardas municipais que passavam pelo local a apreenderam.

Na Capital, três homens foram detidos na ponte Júlio de Mesquita Neto, na marginal Tietê, com a faixa Abaixo a Opressão nas P1, P2 e RDD de Presidente Venceslau.

Foram presos com uma arma Cleyton Maciel da Silva, 23 anos, e Juliano dos Santos, 29, e detido um adolescente de 17 anos. Segundo a PM, os três se declararam integrantes do PCC e iriam receber R$ 500 pelo trabalho.

Cinco faixas foram apreendidas em Bauru, no interior, e quatro pessoas foram presas. Elas tentaram pendurá-las na avenida Daniel Pacífico, uma das principais do município.

Foram detidos Vilson Cruaia Filho, 23 anos, Josué Medrade de Carvalho, 24, Paulo Alexandre, 30, e Luiz Antônio dos Santos, 37. Após prestarem esclarecimentos, foram soltos e vão responder inquérito em liberdade.

A primeira vez que ocorreu a greve branca foi no início do mês, após ataques a três ônibus e um carro da Polícia Militar na zona Sul da Capital. Em represália, visitas de parentes foram suspensas na Penitenciária II de Presidente Venceslau e três líderes do PCC foram transferidos para CRP (Centro de Reabilitação Penitenciária) de Presidente Bernardes, onde vigora o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado): Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Fabiano Alves de Souza, o Guga Paca. Os três seriam os mandantes dos atentados.

Segundo fontes do sistema penitenciário, a greve branca não tem data para terminar. Além das eventuais agressões a presos, outra hipótese para a paralisação, menos provável, seria um suposto privilégio concedido a Law Kin Chong, apontado como o maior contrabandista do Brasil.

Na última segunda-feira, Chong foi autorizado a deixar a Penitenciária José Parada Neto, em Guarulhos (Região Metropolitana), e ir à Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Chong teria ido visitar o pai, que está internado. Os demais presos teriam se revoltado com a mordomia e decidido promover o protesto.

Como a paralisação inclui a não-realização de trabalhos internos nos presídios, os funcionários estão tendo sobrecarga de serviço, de acordo com o Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo).



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