Política Titulo Não foi meningite
Cremesp vai apurar morte de neto de Lula

Conselho abre sindicância para investigar se houve erro de laudo do falecimento de Arthur

Por Júnior Carvalho
Fábio Martins
do dgabc.com.br
04/04/2019 | 07:00
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O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) confirmou ao Diário ter instaurado sindicância para apurar os fatos que cercam a morte de Arthur Araújo Lula da Silva, 7 anos, neto do ex-presidente Lula (PT), no Hospital Bartira, da Rede D’Or, localizado em Santo André.

Diferentemente do que foi divulgado pela unidade de saúde, Arthur não morreu de meningite meningocócica. Ele faleceu no dia 1º de março em decorrência de infecção generalizada, provocada pela bactéria Staphylococcus aureus. O equívoco foi explicitado apenas na segunda-feira, depois de a Prefeitura de Santo André emitir nota admitindo que exames feitos pelo Instituto Adolfo Lutz afastaram a meningite como causa da morte do neto do ex-presidente.

Por meio de nota, o Cremesp evitou dar detalhes sobre a abertura da investigação, mas antecipou que, caso seja provado que houve participação médica no equívoco, haverá punição aos envolvidos. “O Cremesp instaurou sindicância para apurar os fatos denunciados. A sindicância tramita em sigilo processual determinado por lei. O Cremesp informa ainda que, como em toda sindicância, será garantida a ampla manifestação das partes.”

O órgão sustentou que, caso a fase de sindicância aponte indícios de infração ética – que consiste no descumprimento de algum artigo do Código de Ética Médica –, “é aberto processo ético-profissional”. “Concluída a fase de instrução do processo ético-profissional, o próximo passo é o julgamento. Em caso de culpabilidade, as penas podem variar de advertência confidencial em aviso reservado à cassação do exercício profissional dos envolvidos”, relatou a entidade da categoria, por nota.

O Diário mostrou ontem que o fato foi levado ao Cremesp pelo ex-ministro da Saúde e atual deputado federal Alexandre Padilha (PT), que encaminhou ofício ao conselho pedindo investigação sobre possível erro de diagnóstico, seguido de vazamento do laudo da morte de Arthur. “Esse vazamento fez a divulgação de um certo diagnóstico. Isso, além de ser agressão à família de Arthur, é uma agressão à saúde pública”, criticou o parlamentar, que é médico infectologista.

VERSÃO
Questionado sobre a decisão do Cremesp, o Hospital Bartira não se manifestou. Quando confrontado pelo Diário sobre a causa da morte de Arthur, o hospital afirmou que reiterava o boletim enviado à imprensa no dia da morte do menino. A diferença, porém, é que o comunicado enviado ao Diário, recentemente, tirou o termo “meningite meningocócica” e citou que o menino faleceu “devido ao agravamento do quadro infeccioso”. 




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