Cultura & Lazer Titulo Teatro
Greves dos metalúrgicos nos palcos

Espetáculo em cartaz na Capital relembra os
movimentos que agitaram o fim dos anos 1970

Por Vanessa Ratti
04/06/2016 | 07:00
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Divulgação:


Mais uma vez a arte se torna aliada da história e do entendimento político na atualidade. E quem pensa que o passado não tem nenhuma ligação com o futuro se engana. Pelo menos na visão da peça O Pão e a Pedra, da companhia do Latão, que está em cartaz até dia 3 de julho, no Teatro da Universidade de São Paulo (Rua Maria Antonia, 294), em São Paulo. A produção, que é dirigida por Sérgio de Carvalho – também responsável pela concepção do projeto e pelo roteiro final –, destrincha as metamorfoses do trabalho e as greves no Grande ABC, em 1979. Entre elas, a movimentação feita pelos metalúrgicos da região em busca de melhores condições de trabalho.

O diretor do espetáculo espera que O Pão e a Pedra traga a reflexão de que a esperança e a força são elementos para melhorar o Brasil. “A obra discute um momento importante do País recente em que os trabalhadores entenderam sua força histórica, sua capacidade de dizer ‘não’ ao mundo do capital”, conta Carvalho.

Na abertura do espetáculo, o ator João Filho anuncia que a obra foi ensaiada durante os primeiros meses conturbados deste ano, e que qualquer separação entre a arte e o que é real quase não existe. Além disso, outro artista, Ney Piacentini situa o público que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, importante liderança sindical da época, seria apenas citado pela companhia. Mesmo com este aviso, o público busca Lula nos movimentos, repetindo o que aconteceu na realidade, principalmente durante o regime militar.

Ao todo, são 19 personagens no elenco que não se limitam à ficção e representam críticas a camadas da sociedade da época e atual. Entre eles estão Joana Paixão (Helena Albergaria), que é operária. Ela se vê, no entanto, obrigada a se transformar em João Batista, outro trabalhador da fábrica, atitude tomada pelo inconformismo com os baixos salários oferecidos às mulheres. A hipótese de que Joana seria feminista ou personagem transgênero não se confirma e fica apenas na imaginação do público.

Outro papel que chama atenção na história é Lucílio (Rogério Bandeira), que tem apelido de Fúria Santa, por ser personagem religioso que leva a Teoria da Libertação para as greves e mostra a alienação de sua parte.

Outros diálogos estão entorno da militante Luísa (Sol Faganello), Jaílton (João Filho), o sindicalista, e o fura-greve (Thiago França). Todos ajudaram a confirmar o recado que João Filho deu no início do espetáculo.

O Pão e a Pedra – Teatro. No Tusp (Teatro da Universidade de São Paulo – Rua Maria Antonia, 294, São Paulo. Até 3 de julho. De quinta a sábado, às 19h30, e domingo, às 18h. Ingr.: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia). 




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