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Canadá financia catador de lixo da região
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
18/08/2005 | 07:57
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A Fundação Santo André e a Universidade de Victória, do Canadá, assinam nesta quinta-feira convênio para capacitação de 400 lideranças de catadores de lixo ao longo de seis anos em Santo André, Diadema, Ribeirão Pires e São Paulo. O projeto receberá R$ 2 milhões em financiamentos da Cida (Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional). As contrapartidas da Fundação e da Universidade serão feitas em mão-de-obra especializada. O dinheiro também será usado na construção de cinco Centros de Referência em Coleta Seletiva, um deles na sede da Fundação e os demais nos municípios envolvidos.

Os cursos serão ministrados a partir de outubro para um grupo de 30 pessoas, entre líderes de catadores e técnicos das prefeituras. Num segundo momento será treinado um grupo de 70 pessoas. "O objetivo é fazer com que se tornem multiplicadores dos conhecimentos adquiridos", explicou a professora da área ambiental e coordenadora do projeto pela Fundação Santo André, Ângela Martins Baeder.

No projeto a ser desenvolvido os cursos são temáticos, com noções socioambientais, formas de coleta e triagem, cooperativismo, contabilidade e controle de estoque. A Fundação montará um banco de dados com informações sobre a qualidade de material coletado e cotação de preços do produto no mercado de recicláveis. Os dados estarão à disposição dos centros de referência. "Com a organização, os catadores aumentam as chances de ganho. Individualmente é mais difícil vender o que é coletado."

Segundo Ângela Martins, a parceria começou a ser construída em 2003, a partir de um convite da professora do Departamento de Geografia da Universidade de Victoria, Jutta Gutberlet. "A Jutta é especialista na área, morou no Brasil e desde 1997 acompanha o trabalho desenvolvido em Santo André com os catadores."

A familiaridade da geógrafa com programas já implantados no país contribuiu para que a parceria com a Fundação Santo André obtivesse os recursos da Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional. O projeto brasileiro concorreu com o de outros países e se classificou entre os 11 que obtiveram o financiamento.

"Como a reciclagem ainda é algo meio novo no país, certamente esse projeto servirá de referência para outras iniciativas. É algo que vai além da formação visando a geração de renda. Ajuda a tratar de uma questão social", opinou o secretário de Meio Ambiente de Diadema, Marco Antonio Mroz.

Segundo Mroz, em Diadema cerca de 35 mil famílias são atendidas com o serviço "porta em porta" municipal de coleta de recicláveis. A cidade conta com cinco centros de reciclagem. Os 58 catadores que atuam nesses locais, afirmou o secretário, têm renda que varia de R$ 300 a R$ 700. "O salário depende da quantidade de material que entra." Diadema tem cerca de 100 empresas parceiras no projeto de reciclagem.

No caso de Ribeirão Pires, o projeto ajudará a tirar o único posto de reciclagem do município do atoleiro. "Será um recomeço. Precisamos fazer adaptações, como instalação de banheiros, refeitório e vestiários", disse o secretário-adjunto de Meio Ambiente, César Lombardi. No local trabalham 25 pessoas. O município receberá cerca de R$ 300 mil do projeto. "Vamos instalar 10 ecopontos na cidade, cada um deles terá um fiscal. Também promoveremos palestras em escolas e entidades com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da reciclagem".

Santo André possui duas cooperativas de coleta seletiva – Cidade Limpa e Coopcicla – e três programas sociais, que juntos beneficiam cerca de 300 pessoas. No município, a renda de cada catador varia de acordo com a venda mensal das cooperativas. O valor médio é de R$ 350, segundo o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). Entre os programas sociais no setor em andamento na cidade estão a Usina de Triagem e Reciclagem de Papel, que abriga 35 jovens entre 14 e 17 anos em situação de risco social. No local eles aprendem a reciclar papel e criar produtos artesanais que são comercializados. A renda obtida é revertida em bolsa-auxílio.

Também são parceiros no programa da Fundação Santo André organismos como o Fórum Recicla São Paulo, SOS Mata Atlântica, Senac, Fundacentro e Rede Mulher de Educação.




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