No que depender da postura da maioria absoluta dos vereadores de Santo André, o presidente da Câmara, José de Araújo (PMDB), não conseguirá emplacar a renovação da frota. Dos 21 parlamentares, 14 se posicionam de forma contrária e só três favoráveis - quatro não foram localizados - à aquisição de 26 veículos zero-quilômetro, que envolveria gasto de R$ 980 mil. O peemedebista garantiu que, após a finalização do estudo, a medida só sairia do papel se houvesse o consenso na Casa.

Os vereadores criticaram principalmente a falta de discussão sobre a eventual decisão, a cargo da mesa diretora. No meio político, alguns pares preferem evitar o desgaste da ação em ano eleitoral. O estudo, iniciado em março, visa a substituição de todos os carros seminovos, ano 2007, sendo 24 Fiat Palio 1.4 completo (um por gabinete e outros três para o setor administrativo), além de um Ford Fusion 2.5 completo e um furgão Peugeot Boxer (para 16 lugares).

Contrário, o vereador Toninho de Jesus (DEM) argumenta que os demais parlamentares não merecem levar o ônus por uma deliberação particular da presidência. Segundo o democrata, a decisão estava tramitando na "calada da noite" para entrar "goela abaixo". "É um absurdo. A renovação não é prioridade. Tem outras coisas mais importantes como a reforma elétrica, e de informática, que estão em péssimo estado."

Ailton Lima (PTB) considera a discussão fora de propósito. O petebista avalia que as tratativas deveriam iniciar apenas na próxima legislatura. "Não visualizo necessidade alguma em fazer a renovação agora, pois julgo que os carros estão em boa condição de uso", disse ele, ao salientar que grande parte dos vereadores "nunca teve acesso ao planejamento da compra".

Para dar vazão à iniciativa, a alegação da mesa gira em torno da alta quilometragem da frota, que tem ocasionado gastos excessivos com manutenção. Em média, os hodômetros marcam 65 mil quilômetros. O levantamento foi paralisado em razão do impasse em relação ao aumento do número de cadeiras, quando, em setembro, os vereadores rejeitaram em plenário o acréscimo de outras seis cadeiras - poderia passar de 21 para 27 vagas.

Para Antonio Leite (PT), apesar de ser uma atitude antipopular, do ponto de vista técnico a renovação se faz necessária. "Creio que está na hora, são quase cinco anos de utilização. Vai gerar economicidade, acabando com o custo em manutenção."

Araújo foi procurado para comentar a contrariedade dos colegas, mas não retornou à equipe do Diário.

Parte dos parlamentares sugere a terceirização dos automóveis

Uma parcela dos vereadores de Santo André defende a terceirização da frota em vez de realizar uma onerosa renovação periódica. A justificativa principal para a mudança de fórmula de aquisição se dá para tentar evitar despender verba pública desnecessariamente.

Paulinho Serra (PSDB) é um dos favoráveis à revisão do modelo adotado pelo Legislativo, enfatizando ser "ultrapassado". Segundo o tucano, abrir processo licitatório para locação sai mais barato, além de não haver depreciação do bem público. "Atualmente se gasta quase R$ 1 milhão, e depois de um ano não vale nem R$ 500 mil. É um desperdício de dinheiro", afirma, ao frisar que a frota deveria ser doada para o Departamento de Trânsito ou à Guarda Civil Municipal.

O petebista Ailton Lima sustenta que a terceirização tem de entrar na pauta de discussão. "É preciso fazer estudo de viabilidade econômica e, a partir disso, detectar se o custo-benefício seria melhor do que a frota própria. A decisão tem de ser baseada em levantamento transparente."