Embora as autoridades do Rio de Janeiro não tenham confirmado o número exato de mortos, relatos de bombeiros e pessoas que acompanharam a rebelião apontam que há mais de 30 vítimas. "Eu pessoalmente contei 28 corpos", disse o deputado estadual Geraldo Moreira (PSB), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro). "Mas há mais, seguramente."

Moreira afirmou que podem existir mais corpos espalhados por áreas remotas da Casa de Custódia. "As informações que me chegaram pelos próprios detentos é de que muitos dos corpos foram jogados lá dentro da lixeira da unidade prisional e depois carbonizados", relatou o deputado estadual.

"Não dá pra fechar (a contagem de corpos ainda). Eu confesso que estou meio apavorado. Eu vi corpos sem cabeça, eu vi cabeça sem corpo e membros soltos espalhados pelo chão. Tem mais corpos, com certeza", prosseguiu Moreira.

Fim do drama - O motim, iniciado por volta das 6h30 de sábado, só foi acabar por volta das 20h45 desta segunda-feira. Os policiais entraram na unidade após o restabelecimento do fornecimento de energia elétrica e começaram a recolher as armas utilizadas pelos detentos no levante – incluindo pistolas e fuzis.

O avanço nas negociações foi possível na tarde desta segunda-feira com a intermediação do pastor evangélico Marcos Pereira, da Igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias. Parentes de presos e de reféns ficaram eufóricos ao ouvirem orações e canções evangélicas vindas de dentro do presídio. Era a senha que antecipava o fim do levante.

Os detentos exigiram das autoridades a transferência de pelo menos 170 presos e garantias de integridade física e moral após o fim da rebelião.

Fuga - A rebelião começou por volta das 6h30 de sábado, após o registro de uma fuga em massa. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio, a fuga foi facilitada por 20 homens armados, que invadiram a unidade. Houve troca de tiros com os policiais que estavam nas guaritas. Uma granada foi jogada e explodiu no pátio.

A governadora do Rio, Rosinha Matheus (PMDB), informou que será investigado se funcionários da cadeia facilitaram a fuga.

A Casa de Custódia de Benfica tem capacidade para abrigar 1.310 presos, mas atualmente tem cerca de 900 homens. No mesmo prédio de cinco andares funciona a prisão especial do Ponto Zero, onde ficam os presos com curso superior, como o ex-deputado federal Sérgio Naya e os fiscais envolvidos no escândalo do Propinoduto.