Política Titulo
Número 1 ainda trabalha na Câmara de Diadema
Por Miriam Gimenes
Do Diário do Grande ABC
24/02/2007 | 17:16
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Quarenta e sete anos. Quem supõe que se trate da idade do secretário de administração e finanças da Câmara de Diadema, Kojy Shimizu, está enganado. Detentor do registro nº 1 do Legislativo, este é o tempo que ele tem de casa. “E só pretendo sair quando me aposentar, daqui a dois anos”, diz o funcionário, que tem 68 anos.

Natural de Bauru, Interior paulista, Kojy – cujos pais vieram do Japão, fugidos da 2ª Guerra Mundial – mudou-se para a Diadema ainda criança. Ao completar 18 anos, tirou o título de eleitor e votou a favor da emancipação do município, que antes pertencia a São Bernardo. “A partir daí, tivemos eleições e escolhemos os primeiros nove vereadores da cidade recém-empancipada.”

Por ser vizinho do presidente da Câmara, Durvalino Romualdo de Souza, o rapaz foi, então, convidado para trabalhar no Legislativo. “Não sabia fazer nada. Fiquei perdido quando vi um monte de papéis.”

A primeira sede do Legislativo, fundado em 1960, foi, segundo Shimizu, em uma garagem cedida por um dos emancipadores. “Depois mudamos mais duas vezes até chegar a Câmara de hoje.”

Dentre as lembranças, o secretário – que sempre cuidou da contabilidade parlamentar – diz que a mais engraçada se refere ao cofre comprado pelo presidente, depois que as finanças deixaram de ser gerenciadas pela Prefeitura. “Ele pesa 500 quilos e, nas duas vezes que mudamos, foi uma dificuldade transportá-lo.” A relíquia está na Casa até hoje. “Depois de mim, o cofre é o segundo mais antigo aqui”, brinca.

Turbulências - Ao relembrar sua trajetória na Câmara, Shimizu men-ciona o período da ditadura militar. “Lembro que eu tinha de apresentar as atas aos militares assim que as sessões terminavam.”

Sobre votações polêmicas, ele diz que daria para escrever um livro, mas destaca um episódio em que, ao se discutir a regularização de áreas periféricas da cidade, os ânimos se exaltaram de tal maneira entre os parlamentares que foi preciso intervenção policial.

Também houve uma ocasião, diz o diretor, que o então vereador Mário Moreno precisou fugir pelo telhado da Casa, para escapar da “fúria” de funcionários públicos que exigiam aumento salarial “Eles cercaram por todos os lados, não tinha outra saída.”

Sopapos - O clima tenso das discussões políticas não se limitava às paredes da Câmara. Em 1970, o boliche era febre no município. “Após as reuniões das comissões para análise de projetos, todos os vereadores saíam daqui para jogar.”

O diretor conta que um dia, o presidente da Casa, Tenente Miguel Miranda, trocou socos com o parlamentar Júlio Agostinho durante uma sessão. Para pôr fim à rixa, o tenente desafiou o oponente a “a tirar a diferença” na pista. “Ele (tenente) era ruim de boliche, mas treinou todos os dias até ficar bom.”

Quem venceu? Shimizu não lembra. Que pena!




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