Economia Titulo Produção
Indústria inicia o ano operando
abaixo da sua capacidade
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
22/02/2011 | 07:06
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As medidas do governo para conter o consumo e refrear a inflação já refletem nos indicadores da atividade industrial brasileira.

Pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta que o nível de UCI (utilização da capacidade instalada) das fábricas caiu pelo segundo mês seguido, o que não acontecia desde o estouro da crise financeira global, no fim de 2008.

O índice de UCI efetiva-usual (que vai de zero a 100 pontos e no qual valores acima de 50 significam utilização acima do usual para o mês e, abaixo dessa pontuação, o contrário) passou de 48,2 pontos em dezembro para 45,2 pontos em janeiro.

O estudo mostra que a produção industrial também recuou na comparação com o mês anterior (foi a 46 pontos), mas as empresas mantiveram seus estoques estáveis e no nível planejado, o que indica que a redução na atividade não chegou a surpreender a indústria.

Para o economista da CNI Marcelo Azevedo, os dados mostram que as empresas se prepararam para a demanda menor. "Provavelmente há o efeito câmbio (o real valorizado frente ao dólar)", afirma, citando que os exportadores perdem competitividade no Exterior e, no mercado interno, os produtos importados ficam mais acessíveis para o consumidor.

Entretanto, ele acrescenta que medidas do governo federal como o aumento da taxa básica de juros e elevação do depósito compulsório para financiamento de longo prazo já começam a surtir impacto na demanda no varejo, o que leva as fabricantes a refrear a produção.

O empresário Donizete Duarte da Silva, que é diretor adjunto da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de Diadema, assinala que se percebe, no meio empresarial, a demanda mais baixa. "Com o aumento do volume de importados, é natural um refreamento da atividade (das fábricas)", avalia.

Duarte da Silva cita ainda que sua empresa, que fornece equipamentos e sistemas de automação do chão de fábrica (principalmente na área automotiva), observou, no início deste ano, forte freada dos projetos de investimentos destinados à modernização dos processos produtivos. Isso, na sua avaliação, por causa do cenário de incertezas da economia. "As perspectivas não são boas, estamos buscando novos mercados", diz.




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