Convidados nominalmente pelo juiz titular da 7ª Vara Cível de São Bernardo, Gersino Donizete do Prado, para participarem de inspeção judicial marcada para sexta-feira no Jardim das Oliveiras, o prefeito William Dib (PSB) e o prefeito eleito Luiz Marinho (PT) não confirmaram presença. Na visita, os riscos e o dimensionamento da contaminação do bairro, erguido sobre antigo lixão, serão avaliados.

No mesmo dia e horário, Dib vai reinaugurar a Cidade da Criança, no Jardim do Mar. O empreendimento será reaberto como parque educativo, mas só estará disponível à população em 2009. Na sexta-feira, com exceção do planetário, que ainda não está pronto, as demais atrações estarão funcionando em caráter de demonstração.

O chefe do Executivo garantiu, no entanto, que designará funcionário para acompanhar a inspeção representando a Prefeitura. O nome e o cargo não foram revelados porque, segundo a assessoria, o encarregado ainda não foi comunicado da função.

Por meio de sua equipe, Luiz Marinho informou que ainda não decidiu se vai pessoalmente visitar o Jardim das Oliveiras durante a realização dos trabalhos judiciais. O prazo determinado pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) para que a administração apresente nova investigação ambiental e descontamine o bairro, respectivamente, termina em fevereiro e abril de 2009. A responsabilidade, portanto, será da nova administração. O Ministério Público de São Bernardo será representado pela promotora Rosangela Staurenghi, que ingressou em 1995 ação civil pública pedindo o desfazimento do Jardim das Oliveiras 3. Além de estar sobre solo contaminado, o bairro foi loteado irregularmente em área de manancial.

Convocada pelo juiz, a Cetesb - que elaborou parecer técnico alertando sobre "risco inaceitável" à população - informou que estará representada por técnicos do setor de áreas contaminadas. O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), que realizou a investigação ambiental a pedido da Prefeitura, também acompanhará os trabalhos. Procurada, a Secretaria de Estado da Saúde afirmou que não recebeu convite avisando sobre a inspeção judicial de sexta-feira.

TRABALHOS
Gersino Donizete do Prado resumiu como será realizado o trabalho. "A idéia é começar por volta das 10h. Pedi aos técnicos que apresentassem todas as informações que eles colheram ao longo desses anos e condensassem em uma planta só, para que possamos ter uma visualização daquilo que seria a área de maior risco", disse o juiz.

Prado considera a inspeção judicial o pontapé inicial para a resolução do problema. "A partir daí eu tenho condições de visualizar a área como um todo. Até para que, se for necessário, por exemplo, uma desocupação parcial ou total, eu possa ir preparando um plano estratégico. Não é possível tirar, da noite para o dia, 3.000 pessoas. Quero evitar isso ao máximo, desde que não haja risco para a população."

E completou: "a partir de agora, inúmeras medidas serão adotadas pelo Poder Judiciário e exigidas da Prefeitura e do Estado. Esses órgãos vão ter que se interligar para que nós, em conjunto, resolvamos a situação."