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Último debate entre Obama e McCain é marcado por sutileza

Candidatos 'trocaram farpas' de maneira contida no terceiro e último encontro antes das eleições

Por Do Diário OnLine
16/10/2008 | 00:22
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Os candidatos à presidência dos Estados Unidos, o democrata Barack Obama e o republicano John McCain, realizaram seu último debate, na noite desta quarta-feira, em Hempstead, Nova York.

Como nos dois confrontos anteriores, a crise econômica dominou o debate, conduzido por Bob Schieffer, da rede CBS.

Tentando se descolar do presidente George W. Bush, McCain se declarou "decepcionado" com o fato de o secretário do Tesouro, Henry Paulson, não ter feito da ajuda aos mutuários atingidos pela crise hipotecária "sua primeira prioridade".

Ao ser acusado pelo democrata de apoiar a desastrosa política econômica do atual governo, o candidato republicano chegou a ponto de declarar: "Senador Obama, eu não sou o presidente Bush. Se você queria concorrer com o presidente Bush, deveria ter feito isto há quatro anos. Vou dar uma nova direção à nossa economia e ao nosso país".

McCain defendeu aplicar US$330 bilhões do pacote de socorro do governo para comprar as hipotecas sem liquidez da Fanny Mae e Freddie Mac e negociá-las com os cerca de 11 milhões de mutuários inadimplentes, para que possam ficar com suas casas.

Obama culpou os banqueiros em Wall Street pela crise e disse que eles "não podem enriquecer às nossas custas", mas defendeu uma negociação mais apurada com os mutuários, descartando a idéia de um pacote geral para os inadimplentes.

O candidato democrata destacou que o pacote de socorro do governo não pode ficar apenas no andar de cima e precisa atender ao americano comum.

Tanto Obama quanto McCain defenderam que a solução para a atual crise econômica passa pela criação de empregos, especialmente na área de energia, para reduzir a dependência externa americana.

Os dois candidatos também defenderam a redução de impostos, mas criticaram francamente a proposta de cada lado sobre a questão.

Obama acusou McCain de querer dar US$200 bilhões em insenções fiscais para as grandes empresas, enquanto ele planeja aliviar a carga tributária sobre quem ganha até US$250 mil por ano, o que incluiria "95% dos americanos".

McCain rebateu, afirmando que quer reduzir impostos sobre os pequenos empresários para gerar empregos, e destacou que não é possível criar empregos com uma taxa tributária de 35%, "a segunda mais alta do mundo".

Obama respondeu afirmando que (o investidor) Warren Buffet pode "pagar mais impostos", a Exxon Mobil "pode pagar mais", para que famílias comuns tenham alívio.

Sobre a questão do déficit público, Obama e McCain concordaram que é preciso cortar gastos, mas o democrata defendeu um corte cirúrgico, enquanto o republicano falou em "congelamento".

McCain citou US$15 bilhões em subsídios pagos a empresas de seguro saúde e disse que é preciso eliminar os programas que não funcionam. "É preciso investir melhor em saúde, energia, educação".

O candidato republicano afirmou que "sabe" como cortar gastos, e prometeu economizar bilhões em defesa, eliminar subsídios, inclusive ao etanol, e vetar todo orçamento clientelista.

Obama criticou a proposta de "congelamento" e disse que é preciso tratar a questão dos cortes no orçamento com "um bisturi": "Temos que eliminar programas que não funcionam; faremos os programas necessários funcionar melhor".

McCain defendeu "a independência energética" dos Estados Unidos, afirmando que "precisamos da energia nuclear para parar de mandar dinheiro aos países que não gostam de nós".

O republicano disse ser "contra os subsídios ao etanol" produzido nos EUA e citou o Brasil como uma alternativa.

Já Obama propôs fontes "alternativas" de energia, com maiores investimentos em energia eólica, geotérmica e das marés, além da construção de carros mais "ecológicos".

Terrorismo - O candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, rebateu nesta quarta-feira as acusações de seu adversário republicano, John McCain, de que teria ligações com um radical da década de 60 e com um grupo de ativistas investigado por fraude eleitoral.

"Não me interessa um velho terrorista acabado, mas (...) precisamos saber a verdadeira relação que manteve com você", disse McCain a Obama sobre Bill Ayers, durante o último debate dos candidatos à eleição presidencial de 4 de novembro nos Estados Unidos.

Obama respondeu: "Vamos deixar as coisas claras. Bill Ayers é um professor em Chicago. Há quarenta anos, quando eu tinha oito (anos), realizou atos com um grupo radical e eu condeno estes atos".

"Ayers não está envolvido em minha campanha, nunca esteve envolvido em minha campanha e não vai estar na Casa Branca", afirmou o senador por Illinois.

Saúde - O candidato republicano acusou Obama de querer obrigar empresas pequenas a pagarem o seguro saúde de seus funcionários. O democrata recrutou dizendo que McCain tinha um plano que não ajudava as pessoas mais velhas e menos saudáveis.

O aborto também teve espaço no debate desta quarta. John McCain se disse totalmente contra o aborto, mas frisou que a decisão final ficaria a cargo de cada Estado. Já Barack Obama afirmou que não apóia a prática, mas que a decisão deveria ficar sob responsabilidade das pessoas envolvidas.

Considerações finais - Após uma hora e meia, McCain finalizou sua participação no debate afirmando que o atual momento é um grande desafio para a América. "O país precisa de uma nova direção. Tenho um histórico de reforma, (...) sou muito cuidado com o dinheiro dos seus impostos", garantiu aos telespectadores.

Já Obama encerrou pedindo mudanças. "Não se pode assumir o risco de adotar as mesmas políticas falhas e esperar um resultado diferente dos últimos anos", afirmou o senador.

 




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