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Famílias invadem prédio e ganham uma esperança
Por Bruno Ribeiro
Célia Maria Pernica
Do Diário do Grande ABC
16/02/2008 | 07:01
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Um edifício da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) localizado no Jardim Santo André, em Santo André, foi invadido ontem de madrugada por 10 famílias moradoras do bairro. O prédio tem 10 apartamentos semiprontos. A ação foi pacífica e a desocupação só foi feita as 14h de ontem, cerca de 13h após a invasão, diante da promessa de que o destino das famílias seria resolvido após uma reunião na segunda-feira com diretores da companhia.

As famílias afirmam estar em um cadastro da CDHU de transferências para apartamentos, mas esperam há oito anos por vagas que deveriam ter saído em seis meses. Provisoriamente, elas usam alojamentos, também da CDHU, como moradia. Elas reclamam que os barracões têm infiltrações, mofo, esgoto a céu aberto, ratos e telhados quebrados.

“Temos bebês. Quando os colocamos no berço para dormir, acordamos com ratos passando por baixo deles e andando pelas paredes”, disse uma das invasoras, mostrando marcas nas pernas da criança que seriam por alergia aos ratos.

Os ocupantes do alojamento perderam a paciência e partiram para a ação depois de um incêndio que destruiu uma casa e danificou outras, causado por problemas elétricos. Originalmente, os alojamentos não teriam acesso a água e luz e, por meio de ligações clandestinas realizadas de forma precária, eles conseguem o serviço. Os manifestantes pediram à CDHU providências para reparar os danos. A companhia teria dado prazo de 48 horas para resolver o problema. Como o acordo não foi cumprido, as famílias decidiram invadir.

 

MADRUGADA

Aproximadamente 20 manifestantes estouraram o cadeado do portão do prédio e as portas dos apartamentos por volta de 1h30 de ontem e só às 5h30 os seguranças da CDHU souberam do movimento. A Polícia Militar chegou às 6h30 e tentou uma saída imediata e pacífica do grupo. Mas as mulheres exigiram a presença de um membro da CDHU para tratar sobre os reparos nos alojamentos ou a transferência definitiva delas para o prédio.

Segundo moradores do alojamento que do lado de fora davam apoio ao grupo, essa atitude mostra a situação desesperadora das famílias. “Vivemos no meio de lixos e ratos. Ninguém aguenta mais”, diziam as pessoas, que também estavam com faixas de protesto carregadas pelas crianças.

A CDHU disse que o complexo de favelas conhecido como Jardim Santo André possui 98 unidades, das quais 60 foram entregues e as demais estão em fase final de conclusão.




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