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No rastro do frio

Para quem gosta de aproveitar baixas temperaturas em clima europeu, boa opção é a Serra Catarinense

Por Eliane de Souza
Do Diário do Grande ABC
17/07/2008 | 07:04
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Para quem gosta de aproveitar as baixas temperaturas da estação em clima europeu, uma boa opção é o roteiro da Serra Catarinense, que atrai também praticantes de esportes radicais e turistas em busca de sossego numa das fazendas da rota.

A riquíssima culinária sulista, o calor de uma lareira e um bom vinho têm como cenário uma paisagem coberta de flocos de neve. Sim, no Brasil também neva. Principalmente nos campos gelados do Planalto Serrano Catarinense.

O local foi trajeto de tropeiros durante o século 18, hoje chamado Caminho das Neves. O cenário reúne belas paisagens, montanhas, araucárias e muita tradição.

Os turistas são acolhidos em hotéis-fazenda ou aconchegantes pousadas rurais, onde desfrutam da rusticidade com o deleite da gastronomia farta, rica e nutritiva.

Em temperaturas abaixo de zero, é impossível seguir qualquer dieta rigorosa. Neste mês, a culinária serrana reserva iguarias que vão do churrasco de ovelha até as receitas à base do pinhão (semente das araucárias), passando por arroz-de-carreteiro à moda tropeira, feijoada dos peões, massas italianas e o chamado quentão de vinho.

Os 18 municípios que compõem a Serra Catarinense ocupam uma área de mais de 16 mil quilômetros quadrados, equivalente a 17% do território do Estado. Sua população é de aproximadamente 280 mil habitantes, o que representa 5% da população total catarinense.

Os pontos que merecem destaque ficam na Serra do Rio Rastro, entre Bom Jardim da Serra e Lauro Müller, ladeada por Urubici, Lages, Urupema e São Joaquim.

Aventura abaixo de zero

Para quem tem espírito de aventura, Urubici é um prato-cheio. Suas cachoeiras, rios, nascentes, grutas, trilhas, morros e serras servem de cenário para a prática dos mais variados tipos de esportes radicais.

No Morro da Igreja está o ponto mais alto do Estado, com 1.828 metros de altitude. O lugar abriga uma intrigante formação rochosa com uma fenda de 30 metros de diâmetro, conhecida como Pedra Furada. Foi neste ponto que se bateu o recorde da temperatura mais baixa já registrada no Brasil - 17,8ºC negativos em 1996 e a congelante sensação térmica de 40ºC negativos.

As impressões do local são cativantes: o silêncio das suas matas de araucária é quebrado apenas pelo som das cachoeiras e cascatas, pela melodia do vento tocando as encostas da serra e pelo canto dos pássaros que pousam sobre essas riquezas.

Além das paisagens naturais, Urubici é também uma das cidades mais frias do País, o que a torna ainda mais bela no inverno, quando é comum ocorrerem fortes geadas e neve que cobrem de branco este cartão-postal do planalto catarinense. Para completar, Urubici está se transformando em ponto de encontro dos adeptos de esportes radicais, como rapel, parapente, vôo livre, motocross e off-road.

Além de ser o mais alto ponto habitado no Sul do Brasil, a região detém as principais nascentes do Rio Uruguai, que são os rios Canoas e Pelotas, concentrando o maior número de cachoeiras, quedas d'água e cascatas do Sul - 80 no total.

Entre elas está a Cascata do Avencal. Com uma queda de 100 metros e a 6 quilômetros da cidade, é o lugar ideal para a prática de rapel.

Já a Cascata Rio dos Bugres, com 120 metros de altura, é cenário ideal para o trekking. A aventura já começa no percurso, por matas, campos e rios.

Ventos iluminam a serra

Conhecida como Capital das Águas, Bom Jardim da Serra abriga 35 cachoeiras, com pelo menos 10 metros de altura, e 14 rios que nascem no território e se tornam afluentes do Rio Pelotas.

Em 1870, com a chegada da família do gaúcho Manoel Pinto Ribeiro, coube aos primeiros colonizadores abrir uma trilha em direção ao litoral. O percurso ficou conhecido inicialmente como Serra do Doze - só mais tarde passou a ser chamada de Serra do Rio do Rastro.

Ao lado de Laguna e Água Doce, Bom Jardim da Serra foi selecionada entre os três municípios catarinenses com potencial de exploração de energia eólica.

A visão de um grande cata-vento, com três hélices gigantescas a 50 metros de altura, logo chama a atenção de quem se aproxima do mirante da Serra do Rio do Rastro, na SC-438. Trata-se de uma estação experimental de energia eólica (produzida a partir do vento), mantida pelo governo de Santa Catarina.

A energia produzida ali é destinada à iluminação da Serra do Rio do Rastro. O espetáculo de luzes pode ser conferido à noite, quando os 12 quilômetros de estradas se acendem desenhando belas curvas na Serra Geral.

Inscrições de 4.000 anos - Urubici também é conhecida pelas inscrições rupestres, gravadas nas rochas há cerca de 4.000 anos pelos antigos habitantes da região.

O sítio arqueológico fica no Morro do Avencal, com acesso no Km 5 da estrada que vai para São Joaquim. É considerado um dos mais importantes registros arqueológicos em território catarinense, com destaque para a imagem perfeita de um rosto, a Máscara do Guardião, que deve ser procurada atentamente pelo visitante.

CORVO BRANCO
A Serra do Corvo Branco abriga a estrada pioneira entre o litoral e a serra. A rodovia começa entre dois paredões de pedra, a 27 quilômetros do Centro de Urubici, e proporciona uma visão impressionante.

Descer a serra até a cidade de Grão-Pará, como motorista ou passageiro, é uma emoção única, quase comparável à sentida em uma montanha-russa. Para se ter idéia do ângulo das curvas, é preciso fazê-las em duas manobras, a fim de não invadir a pista contrária. O tráfego de veículos maiores é proibido.

A pequena largura da estrada fez com que o trecho fosse conhecido como o mais temível de todo o Brasil. O passeio pede antecipado teste dos freios.




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