As experiências pessoais da jornalista Lucia Sauerbronn se tornaram mais do que lembranças. Sua percepção sentimental dos acontecimentos ao longo de seus 57 anos deu origem à crônicas nas quais faz reflexões sobre a vida e leva os leitores a pensarem as questões levantadas por ela.

Parte dessa produção está no livro 'Anormais São os Outros' (Escrita Comunicação Dirigida, 136 páginas, R$ 16), seu segundo livro de crônicas. Após divulgação em pontos de São Bernardo, São Caetano e Diadema, a autora estará hoje, a partir das 14h, na Unidade Perimetral (Rua Dona Gertrudes de Lima, 658. Tel.: 4438-4477) da Coop, em Santo André, onde participa de tarde de autógrafos. Amanhã, no mesmo horário, ela visita a Unidade Capuava (Avenida das Nações, 1.600. Tel.: 4472-1044), também no município. A entrada é franca.

A coletânea reúne um total de 31 crônicas que foram publicadas na Revista Coop entre 1999 e 2010. As selecionadas contam com temas mais atemporais, que não ficaram presos a assuntos extremamente atuais. A média é de quatro páginas por conto, facilitando sua leitura. "É um livro para ler em uma sentada. Cada vez que você dá uma sentadinha e relaxa por cinco ou dez minutos é possível ler uma história", brinca Lucia.

Moradora de Santo André, ela se diz uma pessoa muito desligada em seu dia a dia. A falta de atenção no que observa talvez seja sinal de que já esteja montando o texto em sua cabeça, onde contextualiza o presente e o passado. "Acho que tenho uma visão periférica das coisas. Quando olho algo, parece que vejo mais."

É com essa percepção que vai além do comum que a escritora fala sobre variados assuntos. A saudade da neta, as bizarrices das simpatias populares, as pelas peculiaridade de uma discussão sobre a cor de uma roupa, o senso humanitário do trabalho da ex-chacrete Rita Cadillac, a briga contra uma noite de insônia e o amor pelo pai estão espalhadas pelas páginas. Um dos destaques é o conto título, 'Anormais São os Outros', no qual divaga sobre manias que deixam as pessoas estranhas e sempre nos deixam completamente comuns.

A harmonia encontrada por Lucia em ligar fatos e ideias deixa a leitura do livro extremamente agradável. O segredo é saber como contar uma boa história. "Tenho de ser precisa nas palavras e contida nas emoções. Tento contar histórias de maneiras diferentes e divertidas", explica. "Encontro pessoas que dizem que parece que estou dentro de suas casas. Há essa aproximação quando se escreve crônicas, que mexe com sentimentos e memórias."

Prestes a completar 40 anos de jornalismo, Lucia deixa de lado a busca pelo factual para observar o mundo com calma.