"Ninguém pode acender um estopim, proteger o pavio aceso, nutrir sua chama, e depois estranhar a explosão da bomba" Dom Marcelo P. Carvalheira, bispo de Guarabira, na Paraíba, citado pela professora Heloísa Martins em seu livro clássico sobre a Igreja do Grande ABC que abre esta nova série da coluna Memória.

O esquecimento da obra de Heloísa Martins sobre a Igreja do Grande ABC no tempo de dom Jorge Marcos de Oliveira quando do simpósio sobre o primeiro bispo diocesano de Santo André nos faz pensar que a coluna Memória tem também a sua dose de culpa.

Obras como a de Heloísa - de apenas 15 anos passados já que foi publicada pela Prefeitura de São Caetano e Hucitec em 1994 - precisam estar mais vezes neste espaço. É isso o que pretendemos fazer a partir de hoje com tantos outros livros importantes que focalizam a história local e acabam ignorados pelas novas gerações, esquecidos em bibliotecas.

O Grande ABC acordou para a importância da literatura, história e memória de uns anos para cá. Para isso contribuíram vários fatores, entre os quais: 1) os movimentos sociais deflagrados a partir do movimento dos trabalhadores na virada dos anos 1970 para 1980; 2) a formação do Gipem (Grupo Independente de Pesquisadores da Memória); 3) a série de congressos de história, que em novembro próximo atingirá a 10ª edição, desta vez em São Caetano.

Estávamos guardando a foto de hoje para uma boa oportunidade. São intelectuais reunidos em São Caetano. Gente do Grande ABC que pensa e cria, e se mantém coletivamente. São os escritores do novo milênio. Cada um tem histórias e projetos. Contribuem para a formação intelectual do Grande ABC. Também por isso fazem história e memória, sempre.

A foto trata da primeira reunião de 2009 da Academia Popular de Letras de São Caetano, realizada na Biblioteca Municipal Paul Harris em 12 de março. São escritores e apreciadores da literatura de diversas cidades. Encontros como este vem sendo realizados desde 2005.

BIBLIOGRAFIA

Igreja e Movimento Operário no ABC. 1954-1975. Autora: Heloisa Helena T. de Souza Martins. Editora Hucitec e Prefeitura de São Caetano.

Capa e contracapa mostram romaria de jocistas - de JOC (Juventude Operária Católica) - a Aparecida. O original foi cedido por uma das lideranças jocistas de Santo André, Anastácio Brolezzi.

O livro mostra que o sindicalismo autêntico e de base no Grande ABC não ocorre a partir das greves contemporâneas dos metalúrgicos (1978 e anos seguintes). Nem partiu exclusivamente dos sindicatos dos metalúrgicos atuais. O novo sindicalismo, segundo a autora, deveu-se a mais forças, como a atuação dos militantes católicos no movimento operário e sindical.

TRECHO

"(...) a participação de dom Jorge, especialmente em greves, não se restringiu apenas ao ABC. Ele participou, também, com destaque, das greves da fábrica de biscoitos Aymoré, da fábrica de cimento de Perus e da Companhia Melhoramentos" (p. 69).

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Terça-feira, 5 de junho de 1979

Manchete - Destacada por Ivete (Vargas, ex-deputada) identidade política de Lula com o PTB

Santo André - Deverá estar funcionando em agosto o Cemepre (Centro de Medicina Preventiva) do câncer ginecológico, bucal, de pele e pulmonar, em Utinga.

Futebol - Amistoso domingo no Estádio Bruno Daniel: Santo André 2, Corinthians de Sócrates 1.

Paranapiacaba - Moradores apelam pela conservação do distrito.

Errata - Na coluna de ontem, saiu errada a data da seção Diário há 30 anos. O certo é "Domingo, 3 de junho de 1979", já que o jornal não circulava às segundas-feiras.

EM 5 DE JUNHO DE...

1979 - São Bernardo realiza ato de protesto na Praça Lauro Gomes contra os que agridem o meio ambiente. dom Cláudio Hummes, bispo diocesano de Santo André, esteve presente ao lado de instituições como a Comissão em Defesa da Billings, Centro Cultural Guimarães Rosa, Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema e Associação Paulista de Proteção à Natureza.

HOJE

Dia Mundial da Ecologia e do Meio Ambiente.

SANTOS DO DIA

Bonifácio (apóstolo dos germanos), Círia e Fernando de Portugal.