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A festa do faz-de-conta

Bem no dia da festa de casamento da filha de Agaciel Maia, apurou-se a história dos

Por Carlos Brickmann
14/06/2009 | 00:00
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1 - Bem no dia da festa de casamento da filha de Agaciel Maia, o ex-diretor-geral do Senado atingido por um furacão de denúncias, apurou-se a história dos boletins secretos: quando era para beneficiar amigos, as nomeações não eram publicadas nos órgãos oficiais. Mas a festa continua: só houve gente fina no casamentaço, do presidente do Senado, José Sarney, ao ministro das Minas e Energia, Edison Lobão. E, naturalmente, o senador que manda, Renan Calheiros. Escândalos? Isso passa. Documentos públicos secretos? Isso passará. Afinal, ou o documento é público ou é secreto. Os dois juntos não dá. Então, esqueça-se.

2 - Dois advogados gaúchos entraram com ação para que o dinheiro gasto irregularmente pelo Senado seja devolvido pelos beneficiários. Mas a lei não permite retomar os salários de quem prestou serviços - mesmo que a nomeação seja discutível. Há quem acredite que seja possível responsabilizar quem fez os papéis secretos. Agaciel Maia, por exemplo, e seu eterno adjunto, João Carlos Zoghbi. Mas eles são estudiosos. Sabem muito. Então, esqueça-se.

3 - A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara criou uma Subcomissão para fiscalizar o uso de recursos federais na Copa de 2014, visando evitar "o excesso de gastos". A Subcomissão já planeja visitar o Maracanã, (mas até agora não se falou em inspecionar Cuiabá ou Belo Horizonte, que não têm praia). Sempre houve fiscalização, sempre houve gastos excessivos. É preciso considerar que é dificílimo fiscalizar os fiscais. Então, esqueça-se.

A HISTÓRIA...
O presidente Lula viaja à Suíça para a reunião da OIT (Organização Internacional do Trabalho). Este é o objetivo declarado. Mas a viagem tem outro objetivo: Lula precisa conversar com o presidente francês Nicolas Sarkozy sobre o acordo militar celebrado há pouco mais de seis meses entre os dois. O programa só é viável para o Brasil se houver financiamento; mas, com a crise, o programa só é viável para a França se não envolver financiamento.

...REAL
Os partidos decidiram discutir a Reforma Tributária nesta semana, em Brasília. É difícil: a reforma pode fazer com que alguns Estados e municípios percam renda, e isso ninguém aceita; a reforma visa simplificar o sistema tributário, mas pode fazer com que determinados setores do governo federal percam poder, e isso eles não aceitam. E, mais do que tudo, não há tempo: as festas juninas estão aí, logo depois vem o recesso do Parlamento.

GGG
Ah, sim: o ministro da Fazenda, Guido Mantega, promete participar das discussões com os líderes partidários. Só fica faltando o ministro do Futuro, Mangabeira Unger, para que o tema continue na esfera da Grande Geléia Geral.

O CANDIDATO
Ciro Gomes, nascido em São Paulo e criado no Ceará, pensa em candidatar-se ao governo paulista. Não será difícil mudar seu domicílio eleitoral (se Sarney é senador pelo Amapá, morando em Brasília e tendo raízes no Maranhão; se o presidente Lula, conforme a ocasião, é pernambucano ou paulista, por que Ciro não poderia voltar à sua Pindamonhangaba natal?). Mas há um problema sério: seu partido, o PSB, apóia Lula, mas é aliado em São Paulo do governador José Serra, que não gosta de Ciro (e é correspondido). O PSB paulista tende a marchar com Serra, especialmente se o candidato ao governo for Geraldo Alckmin.

ALGUÉM PODE...
O coreano Chong Jin Jeon, sócio da Asia Motors do Brasil, travou uma batalha comercial com a poderosa Hyundai. Foi condenado por práticas comerciais: não tem ligação com o terror, não é acusado de matar ninguém, é casado com brasileira e tem três filhas brasileiras. Foi rapidamente extraditado. Mandaram-no para a Coréia, por coincidência, logo depois de a Hyundai ter anunciado investimentos de US$ 500 milhões para fabricar automóveis no Interior paulista (após a deportação, alegando "a crise", a Hyundai suspendeu os investimentos).

... EXPLICAR?
Césare Battisti, acusado de terrorismo e homicídio na Itália, está no Brasil, com asilo oferecido pelo governo. Um integrante da cúpula da Al-Qaeda foi preso mas logo depois libertado; diz o Ministério da Justiça que não será extraditado. Manar Mohamed Skandrani, dono de uma escola de treinamento de pilotos em Joinville, Santa Catarina, que já foi preso entrando no Brasil com dinheiro não-declarado, é apontado pela Interpol como "ex-militante de organização terrorista ligada à Al-Qaeda", mas não enfrenta problemas. Qual a diferença? No caso de Chong Jin Jeon, a disparidade é ainda pior: o governo coreano prometeu ao Supremo que descontaria da pena o tempo em que Jeon ficou preso no Brasil. Agora, recusa-se a cumprir o compromisso. O governo está em silêncio.




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