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Fora, mas com seu próprio dinheiro

Sarney comanda o Maranhão com mão de ferro, e o Estado se transformou em um dos menos desenvolvidos do Brasil

Carlos Brickmann
17/04/2010 | 00:00
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Chega! O presidente do Senado, José Sarney, está na política há mais de 50 anos. Comanda o Maranhão com mão de ferro a todo esse tempo, e o Maranhão se transformou num dos Estados menos desenvolvidos do Brasil. Foi presidente da República e levou a inflação a inacreditáveis 80% ao mês. Por algum motivo, escolheu o Amapá para eleger-se senador, e não há notícia de qualquer ato seu em benefício do Estado que representa. Seu filho Fernando, que comanda o vistoso império empresarial da família e é investigado pela Polícia Federal, na Operação Faktor (antiga Boi Barrica), enfrenta nova acusação de rapina de recursos públicos: desta vez, a fraude encontrada pelo Tribunal de Contas da União o envolve com empreiteiras na burla à licitação da Ferrovia Norte-Sul, obra de mais de R$ 1 bilhão. Norte-Sul? Sim, foi aquela que, durante a Presidência de Sarney, teve o resultado da concorrência antecipado pelo jornalista Janio de Freitas, que publicou em anúncios de jornal aquilo que ainda iria acontecer. Basta!

O presidente do Senado promete agora realizar um sonho da opinião pública: o de sair do País. Fora! Dia 20 de maio embarca para Nova York, cidade que muito aprecia e que visita sempre que precisa, alegando que faz questão de acompanhar a entrega do prêmio de Homem do Ano ao presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Mas não adianta comemorar: Sarney vai a Nova York, participa da festa, mata as saudades e volta para cá.

E é tudo por conta do Tesouro. Com o seu, o meu, o nosso dinheiro.

A LEI E A DÚVIDA
É quase uma unanimidade: a lei da Ficha Limpa, que veda a candidatura de quem tenha sido condenado em segunda instância, mesmo que o processo ainda não tenha transitado em julgado, é uma iniciativa positiva, que ajudará no combate à corrupção. Mas há algumas dúvidas - uma delas levantada por um fiel leitor desta coluna, Egon Mueller. Como é que fica o ‘desacato à autoridade', que é crime contra a administração pública? O desacato é esquisito, lembra Mueller: se você é parado numa rua ou rodovia e tenta discutir a multa, é preso por desacato. Os policiais trabalham em dupla e um testemunha em favor do outro. De duas, uma: ou você aceita um acordo com a Promotoria e presta serviços à comunidade ou é condenado e fica com a ficha suja - como se fosse um corrupto.

Pergunta Mueller: por que manter a figura do desacato à autoridade?

A GUERRA DAS PESQUISAS
Os institutos nacionais de pesquisas, pela primeira vez, estão abrindo fogo em público uns contra os outros, e a guerra ainda vai esquentar. A assessoria política dada formalmente por um instituto a um partido será o estopim das acusações.

COMO É QUE É?
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a Índia, a África do Sul e o Brasil, que formam o Grupo Ibas, defendem o Acordo de 1967 entre Israel e os árabes. Textual: "Após reunião com o ministro de Negócios Estrangeiros da Autoridade Nacional Palestina, Riad Al-Malki, o grupo divulgou um comunicado conjunto em que defende a criação de um Estado Palestino e a redução da fronteira israelense para os limites estabelecidos no acordo de 1967." Curioso: não houve qualquer acordo entre israelenses e árabes em 1967. O único acordo que ocorreu em 1967 foi o celebrado pelos países árabes em Cartum, no Sudão, e que ficou conhecido como os "Três Nãos": não à paz, não à negociação, não ao reconhecimento de Israel. Talvez Amorim tenha se referido às fronteiras israelenses de 1967 - mas, mesmo assim, deixa dúvidas: as fronteiras de antes de 6 de junho de 1967, antes da Guerra dos Seis Dias, ou desta data em diante, após a guerra? Devem ser, imagina-se, as fronteiras de antes da guerra. Será que o Egito aceita Gaza de volta? E a Cisjordânia, retorna à Jordânia?

O CHEFE E OS CHEFIADOS
Escândalo - um justo escândalo: o zagueiro Danilo, do Palmeiras, cuspiu no rosto de Manoel, do Atlético Paranaense, e o chamou de "macaco", provavelmente em referência à cor de sua pele. Racismo explícito: as ofensas foram gravadas em imagem e som e, lembremos, racismo é crime inafiançável. Que se puna duramente o infrator. Mas o que aconteceu com o presidente de seu clube, que deu o grito de guerra "vamos matar os bambis", também gravado em som e imagem, referindo-se à suposta orientação sexual dos próximos adversários do time? Não terá Danilo apenas seguido o exemplo do chefe?

LIMA, LIMA OU LIMA
Cássio Cunha Lima, PSDB, ex-governador da Paraíba (que perdeu o mandato por abuso de poder econômico) e candidato ao Senado, tem os valores familiares na mais alta conta. Como governador, nomeou o tio Fernando Rodrigues Catão para o Tribunal de Contas do Estado; agora, manobra para colocar o primo Arthur Cunha Lima em outra vaga do TCE. Seu pai Ronaldo, ex-governador, seria deputado federal se não tivesse renunciado em 2007, para evitar o julgamento pela tentativa de homicídio contra o governador Tarcísio Burity. Cunha Lima deu três tiros em Burity, de perto, e conseguiu realizar a façanha de apenas feri-lo.




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