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0 mistério do 69

Numa Assembleia como a paulista, que não mede despesas para construir mais um prédio, que compra os

Carlos Brickmann
23/11/2011 | 00:00
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Numa Assembleia como a paulista, que não mede despesas para construir mais um prédio, que compra os móveis antes que o prédio esteja pronto e não tem como guardá-los (eles que se estraguem, uai! Depois é só comprar outros, que dinheiro público não falta), o segredo que envolve o carro de chapa 69 não deve ser incomum. O azar é que este carro foi visto e a história dele foi contada.

Uma boa história: em 6 de novembro, o 69 fez as maiores barbaridades na estrada, em alta velocidade (o leitor que testemunhou o caso estava a 120 km/h, velocidade máxima permitida, e foi facilmente ultrapassado). O barbeiro ao volante costurou no trânsito, pôs gente em risco, passou por onde não devia, e sumiu.

De quem é o carro? A pergunta foi feita ao faleconosco@al.sp.gov.br, que confirmou o recebimento; e não teve resposta. A pergunta foi feita por esta coluna e também não teve resposta. "Alô, deputado Barros Munhoz, presidente da Assembleia: quem é o maluco do volante?", indagava a coluna. Em resposta, só se ouviu o som estridente do silêncio. Quem é a excelência que usa este carro?

Mas, como dizia Chico Buarque, a festa continua. Nesta segunda, 21, o mesmo carro 69 entrava num flat da alameda Campinas, por volta das cinco da tarde. A serviço dificilmente estaria: segunda é um dia em que suas excelências se poupam à maldição bíblica de ganhar o pão com o suor de seu rosto. Mas talvez o nobre parlamentar (quem será?) estivesse a serviço. Então, por que não se identifica? E a Assembleia, por que faz segredo e não conta quem é a excelência?

MUITO MAIS IGUAIS

Todos são iguais perante a lei, diz o artigo 5º da Constituição. Mas, em certas áreas, tem gente bem mais igual. Se o caro leitor enfrentar um processo que não esteja em segredo de Justiça, terá seu nome amplamente divulgado. Mas, se o processado for um juiz, nem suas iniciais aparecerão, alegando-se a defesa "da dignidade da magistratura". Quem não for juiz como fará para defender a dignidade de sua profissão?

Pois é: todos desfrutam da igualdade perante a lei, mas há uma parcela pequena da população para quem a igualdade é muito melhor.

MINHA EXCELÊNCIA

Notável: o governador gaúcho Tarso Genro, do PT, acaba de conceder a ele mesmo a Medalha da Cruz de Ferro da Brigada Militar. Sim: para ficar bem claro, o governador se autoconcedeu a si mesmo, por decreto que assinou de próprio punho, uma medalha em sua própria homenagem (como diriam as vovós, e o governador talvez não conheça o ditado, "elogio em boca própria é insulto").

O decreto chama o homenageado pelo nome completo, Tarso Fernando Herz Genro, e é assinado com o nome eleitoral, Tarso Genro. Motivo da homenagem dada por sua excelência a sua excelência: destaque no apoio à corporação.

CUIDADO COM A CHEVRON

Não adianta multar a Chevron, cujo poço submarino vaza milhares de barris de petróleo no mar do Rio: o faturamento da multinacional petroleira faz com que qualquer multa, seja qual for o valor, se torne insignificante (e é por isso que a empresa se deu ao luxo de usar uma sonda antiga, já desativada, para perfurar no Brasil). A Chevron, originalmente, era parte da Standard Oil, que a Justiça americana mandou dividir em várias empresas para combater suas atividades monopolísticas. Com a separação, virou Socal, Standard Oil of California, e mais tarde mudou o nome para Chevron. É responsável pela contaminação, por metal pesado, de boa parte da Amazônia equatoriana (a estimativa é de despejo, sem tratamento, de uns cem milhões de litros de resíduos tóxicos).

Se a empresa for culpada, é preciso estudar, além da multa, a cassação das concessões.

E NOSSO GOVERNO, CADÊ?

Alô, Petrobras! Quem é que tem de fiscalizar as empresas estrangeiras que perfuram no mar brasileiro, para evitar que descuidem da segurança?




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