Economia Titulo Pesquisa
Conquista de casa e carro
não determina felicidade

Pesquisa mostra que a maioria da população do Grande ABC
está contente com a atual situação, com ou sem esses bens

Por Pedro Souza
Diário do Grande ABC
15/07/2012 | 06:10
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Comprar uma casa é o sonho de muita gente. Conseguir financiar também, tendo em vista que é bem difícil para várias famílias juntar o dinheiro da entrada deste tipo de empréstimo. Mas essa conquista não é fator determinante para garantir a felicidade dos moradores do Grande ABC.

Dentre as pessoas que não têm lar próprio, 63% afirmam estar felizes. O zelador e morador de Santo André Pedro Lopes de Sousa mora de aluguel e garante que isso não é motivo para deixá-lo insatisfeito. Suas preocupações, hoje, são outras. Ele quer garantir o bem-estar da família. Confiante, diz que está bem próximo de conseguir comprar sua casa.

O mesmo percentual, 63%, afirma estar feliz no grupo dos moradores de domicílios próprios quitados ou financiados.

Outro desejo de muitos, a posse de um carro não é fator primordial para a alegria. Os consumidores das sete cidades que ainda não conseguiram comprar um automóvel também estão, na maioria (61,5%), satisfeitos com a sua condição.

Atualmente trabalhando com manutenção, mas com experiência em mecânica, André José da Silva é um dos moradores de Mauá que estão sem veículo e se declaram de bem com a vida. "Antes eu tinha carro, mas tive que vendê-lo. Mas isso não fez muita diferença na minha felicidade", garante.

Como um digno lutador, que digladia dia a dia para tornar a vida dos filhos cada vez melhor, ao lado da sua mulher, que contribui com a renda de casa, Silva brinca: "É claro que poderia ser melhor."

Não muito distante da fatia que está feliz mesmo sem carro, 64% dos proprietários de veículos estão em situação de bem-estar.

A aposentada Teresinha Pereira, moradora de Santo André, têm dois automóveis. Mas esses bens foram desconsiderados quando ela apresentou os motivos da felicidade. "Consegui me aposentar há um ano e meio, quer melhor que isso?", contou sorridente.

Os dados sobre a felicidade são do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano). Para o coordenador do estudo socioeconômico do Grande ABC, base das informações, Leandro Prearo, os números mostram que ter casa ou carro não é determinante para a satisfação das pessoas. "Percebemos maior diferença de felicidade quando distribuímos os dados por classe de consumo, nos quais os estratos D e E apresentam maior índice de infelicidade", explica.

Sem dívidas, o balconista Fábio Silva Santos Cerqueira afirma estar "mais ou menos feliz". "O aluguel da casa acaba com tudo", desabafa ao lembrar que gasta, mensalmente, R$ 648 com esta despesa.

 

Classes D e E têm maior número de infelizes

 

Os moradores da região que pertencem às classes de consumo D e E têm índice de infelicidade bem maior do que os três outros estratos sociais, revela o Inpes/USCS (Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano). Os infelizes e aqueles não muito felizes representam 38,2% das classes D e E. "Isso mostra que, mesmo o carro e a casa não sendo determinantes, é fato que as famílias gostariam de ter muito mais posses", concluiu o professor Leandro Prearo.

O grupo B tem o menor índice de infelicidade, com 11,7% dos integrantes, seguido pelo A, com 12,4%, e pelo C, 13,9%.

A classe de consumo das famílias não é definida pela renda. Conforme o Critério Brasil, os bens, empregada doméstica e cômodos no domicílio são os fatores utilizados para a classificação.

Por sistema de pontuação, são considerados os números de televisão em cores, rádio, banheiro, automóvel, empregada mensalista, máquina de lavar, videocassete ou DVD, geladeira, freezer (embutido ou não na geladeira) e o grau de instrução do chefe da família. A responsável pela publicação desta classificação é a Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa, que representa 178 companhias do setor no País.

RENDA - Segundo o Inpes/USCS, quanto maior o grau de felicidade, maior a renda da família nos domicílios do Grande ABC.

Enquanto aqueles que declaram estar infelizes têm rendimento médio de R$ 2.219, os muito felizes recebem R$ 3.967.

 

Dívidas de lojas e luz preocupam mais

Os consumidores estão com muitas dívidas. Segundo o último registro do Banco Central, em abril, o endividamento representava 43,27% da renda das famílias acumulada nos últimos 12 meses. Conforme a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), em junho, 57% dos brasileiros estavam endividados, tendo em vista que para 23% as faturas já venceram. E na região, para quem pertence a esse grupo, as dívidas atrasadas que mais proporcionam infelicidade são as de prestações de lojas, contas de água e de luz.

Entre os consumidores que mantêm parcelas em atraso com o comércio, 17% afirmam não estar satisfeitos com isso.

A infelicidade no grupo daqueles que atrasaram as faturas de água e de luz é sensação constante para 11,5% dos moradores, informa o Inpes/USCS (Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano).

Na avaliação do coordenador do instituto, Leandro Prearo, a energia elétrica, a água e esgoto encanados são serviços de consumo básico às famílias. "E quando elas estão com essas contas atrasadas, existe chance de manterem várias outras despesas pendentes", analisou, destacando que essa pode ser uma das explicações para o grau de insatisfação.

 

 




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