A médica Ana Glória Silva (PSDC) quebrou o silêncio e surpreendeu ao expor os motivos que a fizeram desistir da candidatura a prefeita de Santo André e a renunciar à presidência municipal do partido. Em entrevista exclusiva ao Diário, a democrata-cristã revela que agressão a pré-candidatos a vereador pela sua sigla e o machismo da política andreense provocaram o recuo, anunciado dia 23.

“Quando o (José Maria) Eymael (presidente nacional do PSDC) me fez candidata, descobri porque em 458 anos nenhuma mulher concorreu a prefeita de Santo André. É muita truculência. Invadiram o partido, agrediram candidatos a vereador, principalmente os mais ligados a mim”, relata. Ela registrou boletim de ocorrência contra o ato de violência, ocorrido dia 19. Os agressores não foram identificados.

O PSDC iniciou o ano flertando com o candidato do PT ao Paço, o deputado estadual Carlos Grana. O namoro acabou, segundo Ana Glória, porque não houve identificação com as propostas petistas, o que deflagrou o processo por candidatura própria. “A Saúde não era contemplada de forma inteligente. Defendemos a medicina preventiva: tratar os pacientes antes que fiquem doentes.”

Com a desistência do voo solo, o PSDC, crítico do governo Aidan Ravin (PTB), que tentará a reeleição, declarou apoio a Raimundo Salles (PDT). “Percebi que para tirar a cidade da escuridão total precisaria unir forças com uma pessoa preparada para aguentar esta campanha truculenta”, diz Ana Glória.

A democrata-cristã exalta a abertura para participar do plano de governo de Salles. No “compartilhamento de ideias”, destaca, além da Saúde preventiva, projetos para o Polo Tecnológico. “Pode aumentar muito a qualidade de vida do andreense, com o PIB (Produto Interno Bruto) dez vezes maior em 2 ou 3 anos”, prevê, vislumbrando a exportação de softwares. “A Índia cresceu muito por causa disso. É algo do futuro, dá ao jovem o primeiro emprego e melhora a vida nas comunidades.”