Esportes Titulo Corinthians x Boca
Noventa minutos para
mudar uma história

Timão conta com apoio da Fiel para bater o Boca Juniors
hoje e conquistar a Taça Libertadores pela primeira vez

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
04/07/2012 | 07:59
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Vamos Corinthians, esta noite, teremos que ganhar". O canto que está na ponta da língua dos torcedores traduz com precisão o que o Timão tem de fazer para, enfim, conquistar a Libertadores. É com esse espírito e empurrado por 35 mil vozes que o Alvinegro parte para cima do Boca Juniors, hoje, às 21h50, no Pacaembu, após empate (1 a 1) na Argentina.

O troféu ocuparia um dos únicos espaços vazios na galeria de um dos times mais vitoriosos do futebol brasileiro, mas que carrega o pesado fardo de jamais ter conquistado o torneio continental. Nas outras nove edições que disputou, falhou e jamais chegou tão perto. Criou enorme expectativa para pôr fim ao tabu, o que pode ocorrer hoje.

Diferentemente das outras vezes, agora o Corinthians não tem estrelas no grupo. Assim como nos maiores momentos de sua história, o time que entra em campo hoje é formado por jogadores que têm como principais características disciplina tática e disposição. É justamente isso que traz identificação com o torcedor corintiano, que se autodenomina maloqueiro e sofredor e faz a nação ter certeza de que desta vez o título não escapa.

O técnico Tite não fez mistério. Com a recuperação de Jorge Henrique ele confirmou o mesmo time usado semana passada, em La Bombonera. O Boca Juniors terá desfalque do lateral-direito Roncaglia, autor do gol no primeiro jogo.

Os esquemas táticos dos times já foram esmiuçados e todos sabem o que pode decidir. A defesa corintiana - a melhor da história, tomou quatro gols em 13 jogos - contra a habilidade dos argentinos em lidar com partidas decisivas - tanto que o Boca já conquistou seis Libertadores e está a uma de igualar o compatriota Independiente, maior vencedor do torneio.

Os 18 atletas relacionados por Tite para o jogo sabem que estão muito perto de escreverem com letras maiúsculas o nome na história e de se tornarem protagonistas do dia mais importante na vida de qualquer corintiano.

E a final terá todos os ingredientes para se tornar inesquecível. O Timão terá a oportunidade de ser campeão invicto, já que passou ileso pelos 13 jogos - são sete vitórias e seis empates -, o que engrandece ainda mais a conquista. Se perder, será para o renomado time argentino. Outro empate leva a decisão à prorrogação e, em caso de persistir o resultado, à disputa de penalidades.

Para se ter uma ideia da dificuldade, o último campeão invicto da Libertadores foi o próprio Boca Juniors, em 1978, mas na ocasião a equipe disputou apenas seis jogos - quatro vitórias e dois empates - para levantar a taça.

Diante desse prognóstico, é possível dizer que foram premiados os 35 mil torcedores que conseguiram ingressos para a partida - os bilhetes estão esgotados desde a semana passada. E se o time fará de tudo dentro de campo, fora dele o torcedor certamente dará a sua contribuição, não poupando esforços para empurrar a equipe rumo ao título inédito. A promessa é cantar por 90 minutos: "Vamos Corinthians, esta noite, teremos que ganhar".

Tite ignora tradição do time argentino

 

Não fale de história perto de Tite. O técnico que criou o termo ‘treinabilidade' e enfrentou resistência de grande parte da torcida para se manter no Corinthians ignora a tradição do Boca Juniors em Libertadores e acredita que o campeão desta temporada será conhecido pelo o que os jogadores fizerem nas quatro linhas.

Para o treinador, já se foi o tempo em que a tradição ganhava jogos. "Se fosse pela mística, nós estaríamos fora. Todo mundo fala que o Corinthians não vai bem em Libertadores. Desde o primeiro jogo estou ouvindo isso. Mística e experiência são feitas mais pelas pessoas, pela mentalidade dos atletas, pela equipe, pelo técnico, do que pela camisa. Se fosse pela camiseta, o Corinthians nunca teria caído ou o Boca nunca correria risco de descenso", comentou Tite.

Apesar de ignorar o retrospecto, o desempenho dos argentinos em finais de Libertadores chega a ser impressionante. Foram dez vezes na decisão e seis títulos conquistados. Contra brasileiros, então, é de assustar. Foram cinco decisões e quatro troféus. No total, o Boca fez 18 jogos no Brasil, com sete vitórias, seis derrotas e cinco empates.

Para Tite, os atletas precisam se concentrar no jogo, focar no esquema tático e nas movimentações pedidas para anular, principalmente, o meia Riquelme, considerado o grande astro do time argentino.

"Precisamos ter cuidado com o Riquelme sim. Ele tem qualidade, é o cérebro, o jogador que dá assistência, da bola parada. Mas o Boca chega por um conjunto bom e não por um jogador apenas. A equipe tem de estar preparada para o Boca e não para um atleta só. Assim como aconteceu contra o Santos de Neymar. O time tem que ser solidário e abraçar a causa junto", enfatizou o treinador.

Ontem, no último treino, Tite usou apenas os titulares e deu ênfase ao sistema defensivo. A preocupação é com as infiltrações pelo centro da defesa e com cruzamentos para Santiago Silva. A equipe também treinou bolas paradas, inclusive pênaltis, que podem definir o campeão.

 

Corintianos fecham avenida na região para assistir ao jogo em telão

 

Boa parte dos torcedores corintianos que moram no Grande ABC e não conseguiram ingresso para assistir à final da Copa Libertadores da América entre Corinthians e Boca Juniors no Estádio do Pacaembu vai se reunir no Parque das Nações em Santo André.

A partir das 19h, será fechado quarteirão da avenida das Nações, na altura do número 2.090, próximo à escola de samba Seci, no sentido Polo Petroquímico. No local, a torcida vão instalar telão para acompanhar junta o confronto.

Na semana passada, quando a partida foi disputada em La Bombonera, na Argentina, dezenas de torcedores se aglomeraram na Rua Fenícia, no Parque Novo Oratório e fizeram a festa com o importante empate (1 a 1).

Os bares do Grande ABC se tornarão também pontos de encontro para os torcedores fã e os rivais.

Em São Paulo,em um dia de vendas 10 mil torcedores garantiram presença na Arena Anhembi, onde vão acompanhar o jogo em telão gigante. A expectativa é de que outros 20 mil sejam negociados hoje. Sem conseguir entrada no Pacaembu, a

expectativa desses corintianos é a de que o time, caso vença, apareça por lá.

A maioria deles desembolsou R$ 20 para estar no Anhembi, já que passou os últimos dias no desespero por bilhete, não importasse o valor. Mas se assustou com a pedida de alguns integrantes do Fiel Torcedor que chegaram a anunciar a sua entrada por até R$ 30 mil na internet. O preço médio, porém, partia de R$ 5.000.

O acordo, às escondidas para que o clube não puna o torcedor/cambista e ele seja banido do plano de sócios, é o de combinar lugar comum para a entrega da carteirinha no dia do jogo e a devolução, amanhã.

No Pacaembu, funcionários do clube podem barrar o comprador, o que causaria prejuízo financeiro e a punição a quem fez a venda proibida.

A cidade está um caos na busca por um bilhete. Enquanto quem tem o exibe com orgulho, muitos fazem campana na porta do CT à procura de ingresso. E, pasmem, até os dirigentes e jogadores, que têm cota para amigos e familiares, estão sofrendo com a busca pela entrada.

Toda hora há mensagem ou ligação em forma de pedido. É amigo do irmão que quer vir ao jogo, empresa que quer fazer promoção e tenta usar da proximidade da pessoa com corintiano para consegui-lo. Não existe ingresso impresso.

Os 35 mil foram vendidos pelo Fiel Torcedor. Os argentinos receberam cota de 2.450 ingressos e o esquema de segurança e combate à pirataria promete ser intenso no Pacaembu, que terá vários acessos fechados no início do dia.

 




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