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O pânico e os lucros do pânico

Oh, não teremos aeroportos para a Copa. Oh, não teremos estádios para a Copa. Oh, não teremos hotéis para

Por Carlos Brickmann
17/04/2011 | 00:00
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Oh, não teremos aeroportos para a Copa. Oh, não teremos estádios para a Copa. Oh, não teremos hotéis para a Copa. Oh, e a mobilidade urbana para a Copa?

Tranquilize-se: tirando o problema dos estádios, todo o resto já existe. Pode não ser o ideal, pode ser desconfortável, pode não ser o mais adequado, mas para uma competição rápida, com poucos jogos em cada cidade, dá bem. O afluxo de turistas estrangeiros deve ser maior que o habitual, mas o país estará vivendo um grande feriado: muita gente que vive nas capitais onde se realizarão os jogos vai aproveitar e sair a passeio. Voos atrasados, aeroportos congestionados, claro; mas nada com que nós, que pagamos as contas, não estejamos acostumados.

Por que, então, tanto alarmismo? Obviamente, para criar um clima de alarme. E para facilitar as coisas. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2012, prevê-se um tratamento especial, mais flexível, para obras públicas "relacionadas a eventos especiais". E não serão órgãos governamentais, como os que se dedicam ao meio-ambiente, que irão atrapalhar as obras do Governo - ainda mais que, pelo que dizem, a presidente Dilma é brava, chama a vítima de "meu santinho" e demite. Quem quer perder o cargo, o prestígio, as mordomias, o carro oficial?

Levando o raciocínio ao limite, São Paulo nem precisaria de um estádio. Com a legislação flexibilizada, o velho e acolhedor Pacaembu poderia ser reformado, apesar do tombamento. Mas pode ter certeza de que a reforma sairia tão cara quanto a construção de um estádio novo. E os vizinhos, influentes, aceitariam?

Definindo os limites

O relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias, deputado Márcio Moreira, do PP mineiro, é a favor de normas especiais para momentos especiais. Frase sua: "Não acho que a paralisação {de obras irregulares} seja a solução. Os ordenadores de despesas {irregulares} é que deveriam ser punidos, ter bens sequestrados, ser afastados do serviço público. Quando a obra para, quem perde é a sociedade".

O povão e os tucanos

Quando o PSDB foi fundado, este colunista conversou com Fernando Henrique sobre a falta de ligação de um partido social-democrático com sindicatos. Fernando Henrique dizia, há mais de 20 anos, que esta ligação não era essencial: o partido deveria dialogar com a sociedade, com base em seu programa, sem atar-se a sindicalistas. Deu certo: Fernando Henrique ficou oito anos no poder. Seu famoso artigo em que fala do povão se refere a isso: esquecer a estrutura sindical, dominada pelo PT e partidos aliados, e dirigir-se diretamente ao eleitor.

De Lula a Dilma

A imagem pública da presidente Dilma vai bem - embora, em boa parte, por coisas que não faz, como discursos até para inaugurar a coleira do cachorro e juras de amizade a líderes como Ahmadinejad, Kadafi e Chávez. Mas Dilma não deve falar de improviso. Não é seu forte. Na China, teve duas frases históricas:

"Esta resposta eu não respondo";

"Não é possível que, ao iniciarmos a segunda metade do século 21 (...)".

Alguém precisa lembrar-lhe que faltam 39 anos para isso.

A função do juiz

"É simples e funciona assim: a polícia investiga, o Ministério Público acusa, o advogado defende e o juiz, após garantir absoluta paridade de armas entre acusação e defesa, julga com coragem e isenção". Este é o tema polêmico do juiz Ali Mazloum sobre as operações policiais com nomes esquisitos, cheias de prisões e apreensões, com notícias vazadas o tempo todo à imprensa e o objetivo único de arranhar reputações - pois, na verdade, a investigação é toda irregular e preguiçosa. Mazloum vai mais longe, explicando o óbvio tantas vezes esquecido: "Aos juízes compete única e exclusivamente combater a injustiça". Veja a opinião completa do juiz Ali Mazloum em www.brickmann.com.br/artigos.

Um benfeitor!

A Rede Brasil de Televisão, que acaba de ganhar do Governo a concessão de um canal de TV aberta em São Paulo, começou ontem a apresentar A Semana da Presidenta, que irá ao ar todos os sábados, às seis da tarde, numa rede que está sendo montada e que cobrirá todo o país, formada por emissoras que também gostam do Governo. O proprietário da TV, Marcos Tolentino, promete um programa sem patrocínio. Diz que seu objetivo é levar informação aos telespectadores e que não pretende misturar notícias com faturamento. O benfeitor dos telespectadores era dono da TV 45 UHF, com sede em São Caetano. O presidente Lula queria conceder este canal ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, mas só conseguiu fazê-lo ao dar em troca à RBTV, de Tolentino, o canal em São Paulo.

Bons exemplos

O programa é claramente inspirado na Semana do Presidente, apresentado no regime militar. E sai mais barato do que salvar um banco e ganhar uma novela.

O repouso do ex-guerreiro

Jovino Cândido, do PV, já foi prefeito de Guarulhos, SP. Após perder três eleições seguidas, ganhou uma vaguinha na Diretoria de Assuntos Institucionais da Câmara. Ficou feliz: antes, era oficial de gabinete de um vereador do PTN.




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