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‘O caçador de pipas’ chega à telona
Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
18/01/2008 | 07:00
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O Afeganistão das lembranças do médico Khaled Hosseini, radicado nos Estados Unidos há 28 anos, cheira a kabob (espécie de espetinho), tem Charles Bronson como herói e meninos usando calças jeans.

O romance O Caçador de Pipas, transformado no longa que estréia hoje na região e em São Paulo, permite comparar – descontadas as ‘licenças poéticas’ dos produtores norte-americanos – o que era e no que se transformou o país de 1975, início da narrativa, a 2001, no 11 de setembro.

Como no best-seller que vendeu 2 milhões de exemplares nos Estados Unidos e 1 milhão no Brasil, o filme tem os fios condutores: amizade, amor, traições e redenção. O diretor Marc Forster fez a melhor escolha ao tentar ser fiel à fonte. O filme é falado em dari, uma das duas línguas do país e o elenco é composto basicamente por afegãos, iranianos ou descendentes.

Apesar do cuidado, uma cena polêmica fez com que o filme fosse banido no Afeganistão. Na cena, uma criança da etnia hazara (massacrada pelo Talibã) sofre violência sexual de um pashtun, grupo majoritário. O elenco infantil, afegão, teve de ser retirado com suas famílias às pressas do país. Já estavam sendo ameaçados por conta da cena.

O filme começa em 2000. O protagonista Amir (o britânico de origem egípcia Khalid Abdalla) recebe nos Estados Unidos um misterioso telefonema de Rahim Khan (Shaun Toub), velho amigo de seu baba (pai). O homem sentencia: é possível ser bom de novo.

A narrativa retrocede então a 1978, pouco antes do golpe comunista e da invasão soviética (o roteirista David Benioff condensou fatos e datas das mais de 300 páginas do livro). Amir criança (Zekiria Ebrahimi) tem muito em comum com Hosseini: pai rico e estudado, empregados hazara e tranqüilidade para andar nas ruas da Capital Cabul.

O grande companheiro de Amir na infância é Hassan (o carismático Ahmad Khan Mahmoodzda), filho do empregado hazara. Hassan tem adoração pelo patrãozinho, que muitas vezes o humilha. Mesmo assim, mais esperto e corajoso, o criado vive a defendê-lo dos valentões.

Amir, que tem apenas uma relação cordial com seu baba (Homayoun Ershadi) se ressente com a atenção que ele dispensa ao amigo. Uma das principais diversões da dupla é participar do campeonato de pipas. Amir é perito em empinar e cortar papagaios. Hassan, além de segurar o carretel, tem o incrível dom de saber onde o ‘troféu’ cairá antes de todos os outros meninos. É justamente após a vitória no inverno de 1978 que a vida de ambos muda.

O garoto rico é incapaz de defender o amigo da violência de meninos mais velhos. Mais tarde, incomodado com a culpa, arma para que Hassan seja acusado de roubo. A vida os separa, mas Amir volta à terra natal, à época ainda sob poder do Talibã, para se redimir e salvar Sohrab (Ali Bakhtyari), filho de Hassan.



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