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Marinho perde e vê
tucano na presidência
Por Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
16/12/2010 | 07:11
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Com apoio de cinco vereadores ex-governistas, a oposição ao prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), elegeu Hiroyuki Minami (PSDB) presidente da Câmara ontem. A situação também perdeu a eleição para todas as comissões permanentes. O tucano derrotou o candidato de situação e líder do governo Tião Mateus (PT) e colocou Marinho como o único Executivo do Grande ABC a não eleger aliado para o comando do Legislativo e perder o apoio da maioria dos parlamentares.

Foram 13 votos para Minami, Estevão Camolesi (Sem Partido) como vice e Otávio Manente (PPS) como 1º secretário. Vandir Mognon (PSB) foi eleito por unanimidade (21 votos) 2º secretário.

A chapa composta por Tião, Matias Fiúza (PT) como vice, Mauro Miaguti como 1º secretário e Vandir como 2º - mesmo candidato nas duas frentes -, obteve oito votos apenas.

O resultado pegou a bancada governista de surpresa, que esperava vitória com 11 votos. Segundo Tião, os 11 se reuniram na noite de véspera à eleição e fecharam apoio ao petista. Os vereadores que trocaram de lado foram: Vandir, Camolesi e Ivanildo de Santana (PSB). "Participamos da reunião, mas não me perguntaram se eu votaria com eles. Eu também não disse que votaria no Minami", simplificou Vandir.

Antes da disputa, Marinho contava com apoio de 13 parlamentares. Por não ter sido indicado ‘naturalmente' para a primeira secretária o PPS se retirou das discussões do governo para a sucessão da presidência deixando a base com 11. O grupo dissidente elegeu falhas na articulação política do governo como a principal responsável pela reviravolta. "Não houve articulação, faltou conversa", afirmou Vandir. "É uma derrota da articulação política do governo e não uma derrota do governo", considerou Marcelo Lima (PPS).

O secretário de Governo, José Albino, é o responsável pela articulação. Após a sessão, a bancada petista se reuniu no gabinete de Albino. "Não culpo o Zé pela derrota. É uma derrota do governo e articulação envolve eu, o prefeito, o partido e a bancada", pontuou Tião. Para o presidente do diretório do PT de São Bernardo, Vanderlei Salatiel, faltou "conversa" com os vereadores. "Ainda não entendi essa situação", declarou./CW

A principal crítica de petistas foi a "falta de compromisso" dos ex-aliados com o governo. "Nós perguntamos mais de dez vezes se eles estavam conosco. Só não perguntamos mais porque fica chato, né? Senão, parece desconfiança...", lamentou Tião. "Aliado é aliado, tem que votar junto", reforçou Salatiel.

Exemplificando o fato, Tião lembrou a eleição de Otávio Manente para a presidência em 2009. À ocasião, a oposição - com dez votos - tentou seduzir o petista a rachar com o grupo votando nele. "Se eu tivesse votado em mim mesmo, teria sido eleito, mas mantive o compromisso com Otávio e o prefeito e votei nele", afirmou.

 

Manente foi o articulador da derrota do PT

 

O atual presidente da Câmara, Otávio Manente (PPS), foi o principal articulador da vitória do tucano Hiroyuki Minami e, consequentemente, a derrota de Tião Mateus (PT). Após sair do hospital, onde passou por cirurgia cardíaca, na segunda-feira, Manente iniciou diálogo com a oposição para lançar a chapa que seria vitoriosa. O motivo da dissidência com o governo foi a "falta de espaço na bancada".

O popular socialista refundou o ‘bloco de centro', cooptando o apoio dos socialistas Ivanildo Santana e Vandir Mognon, mais Estevão Camolesi e Marcelo Lima (PPS) e informou que não compõe mais a bancada de situação. "Eu não tinha mais vontade de ficar no governo. Esse bloco será independente e poderá ficar do lado da oposição, ou do lado do governo dependendo do projeto", definiu Manente.

A 1ª secretaria foi a causadora da separação entre PPS e Marinho. O partido entendeu que o cargo deveria ser ocupado naturalmente por Otávio, já que ele vinha da presidência. Quando houve disputa interna pelo cargo, o PPS abandonou o barco. O prefeito tentou resgatar os aliados, mas já era tarde. "Ele (Marinho) me ofereceu a 1ª secretaria pessoalmente, mas eu não aceitei", disse Manente.

O PPS tem participação no primeiro escalão de São Bernardo - o secretário de Comunicação Edmar Luz, foi indicado pelo partido. "Se ficamos ou não no governo, quem decide é o Marinho. Se ele quiser nos chamar para fazer essa discussão, nós faremos sem problema nenhum", sugeriu Manente sobre possível retaliação.

 

Dissidência de vereadores remete à eleição de 2012

 

A derrota petista no Legislativo remeteu a articulações políticas para a eleição de 2012, o líder do governo Tião Mateus classifica que a disputa eleitoral já teve início e que não vê perspectivas em ter o PPS como aliado para a disputa de reeleição do prefeito Luiz Marinho (PT).

"A eleição começou hoje, daqui para frente o cenário é outro. Não temos mais maioria e não presidimos nenhuma comissão. Vamos enfrentar um período muito duro. Estamos acostumados a trabalhar sozinhos", analisou Tião. O presidente do PT municipal Vanderlei Salatiel disse que irá chamar reunião do partido com o governo para traçar planos futuros entre hoje e amanhã.

"Em 2009 tínhamos apoio de 11 vereadores, depois passamos a 13 e agora temos oito. Tem alguma peça na engrenagem girando errado e que precisamos corrigir."

O virtual candidato a prefeito da oposição é o ex-gestor da cidade e deputado federal eleito William Dib (PSDB). "A maioria dos vereadores deu demonstração de grandeza, responsabilidade, independência e cidadania. Os vereadores não representam os anseios do Dib nem os anseios do Marinho, mas representam os anseios e expectativas da população de São Bernardo", avaliou Dib.

Com o novo cenário o ‘bloco de centro' poderia se tornar a terceira via nas eleições municipais, ou ser o fiel da balança para petistas ou tucanos. Ao que indica o discurso do PT, o governo só tem apoio do DEM e o restante das forças políticas já estaria fechado em torno de nome contrário ao de Marinho.




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