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Crise na Cemig pode dificultar privatizaçoes parciais
Do Diário do Grande ABC
22/10/1999 | 11:53
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A crise na Cemig nao deve afastar o investidor estrangeiro do país, mas pode dificultar ou mesmo inviabilizar modelos de privatizaçao parcial semelhantes ao adotado pelo governo mineiro. Na avaliaçao de um analista financeiro consultado pela Agência Estado, as açoes do governador Itamar Franco contra os sócios privados na Cemig podem levar o investidor estrangeiro a evitar a participaçao como sócio estratégico em empresas nas quais o governo continue tendo participaçao. A fonte cita o caso da Celesc, empresa energética de Santa Catarina, cujo modelo em estudo prevê um controle compartilhado por sócios privados com o governo estadual e os trabalhadores. Ele acha difícil o capital externo, depois dos problemas enfrentados na Cemig, aceitar correr o risco de conviver com sócios estatais em outra empresa. "Mesmo que o investidor confie no governador, o caso Cemig mostrou que uma eleiçao pode mudar tudo", comentou.

Neste sentido, o analista considera que a crise na estatal mineira pode até ter um efeito colateral positivo: o de pressionar os governos estaduais a optarem pelo modelo de privatizaçao total, como o adotado pelo governo federal e estados como Sao Paulo e Rio Grande do Sul (na gestao Brito). Privatizaçoes totais, segundo a fonte, nao devem ser afetadas pelo episódio da Cemig. Exemplo disto seria a Cesp Tietê, com leilao marcado para a próxima quarta, e que conta com vários interessados, inclusive estrangeiros. Quanto às privatizaçoes federais do setor elétrico que ainda restam, o analista nao se mostra otimista, mas nao necessariamente por causa da Cemig. Ele observa que o mercado já contava com dificuldades maiores na venda das empresas geradoras, como Furnas e Eletronorte, que envolvem maiores interesses políticos. "O governo nao conta hoje com a popularidade que tinha quando enfrentou as resistência para vender a Vale e Telebrás", disse o profissional.

De todo modo, as privatizaçoes federais deverao acabar ocorrendo, ainda que de forma mais arrastada. Furnas, por ser uma empresa sediada em MG, pode sofrer algum efeito da postura antiprivatista de Itamar Franco, mas sua privatizaçao, apesar dos atrasos, nao deverá ser comprometida. O analista observa que a empresa, além de ser controlada pela Uniao, deverá ter todo o controle repassado ao capital privado, sendo, desta forma, avaliada pelo investidor de forma diferenciada em relaçao à Cemig.




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