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Baile de emoções
Por Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
21/03/2008 | 07:06
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Há dez anos, a diretora do filme Bicho de Sete Cabeças, Laís Bodanzky, assistiu atenta e emocionada a um baile em um salão tradicional. Ali, surgiu a idéia de fazer um filme, cuja estréia ocorre hoje no circuito paulistano. É Chega de Saudade, cuja trama começa e termina junto com a noitada dos personagens.

 São vários os tipos que se apresentam na pista – do jovem ao idoso, do solítário à figura popular no pedaço. O foco principal está nos dois casais, formados, de um lado, por Marquinhos (Paulo Vilhena) e Bel (Maria Flor) e outro, por Eudes (Stepan Nercessian) e Marici (Cássia Kiss).

 Os primeiros são jovens, vivem um amor bruto. Marquinhos cuida do som no salão e faz de tudo para dominar a moça na base da palavra. Já Eudes usa a palavra para conquistar, e vive uma relação bem mais ‘solta’ com Marici, a qual já desistiu de tentar prendê-lo. Resigna-se com a realidade.

 Nessa noite, as histórias dos casais irão se cruzar quando Eudes tirar Bel para dançar. Haverá uma estranhamento.

 Mas o salão está cheio de outras histórias. Tônia Carrero aparece na pele de Alice, uma senhora que, ao lado do também pé-de-valsa Álvaro (Leonardo Villar), se recusa a abandonar a magia da dança, mesmo com as limitações da idade.

 Tem também Betty Faria como a animada Elza, que chega ao baile acompanhada da novata Nice (Mirian Melher), além do garçom e dos tipos comuns desse ambiente,

UNIÃO FRATERNA

 O roteiro é, assim como Bicho, de Luiz Bolognesi, marido de Laís. E a inspiração clara e admitida é O Jantar, de Ettore Scola. Assim como no longa do cineasta italiano, o filme mostra os personagens chegando, todas as histórias centrais e paralelas que se desenvolvem no ambiente, e o momento em que as pessoas vão deixando o espaço, até ele ficar completamente vazio.

 A diretora admite que não foi fácil trabalhar no longa. Aquelas anotações que fez no baile de dez anos atrás a conduziram a outros caminhos até desembocar neste Chega de Saudade.

 A idéia primeira era fazer um longa sobre um senhor que freqüentava um salão de dança. Não vingou. Depois, foi cogitada a possibilidade de fazer o filme com o título de União Fraterna, o mesmo nome onde foi rodado. Não só isso. Os próprios freqüentadores fizeram a figuração e receberam preparação especial de Sérgio Pena.

 E o que Laís percebeu é que não tinha uma única grande história como a que foi de Neto, interpretado por Rodrigo Santoro em Bicho, mas havia completado um painel recheado de histórias sutis e interessantes.



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