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S.Paulo perde espaço no PIB no 1º ano do Governo Lula
Mariana Oliveira
Do Diário do Grande ABC
05/11/2005 | 08:11
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O PIB (Produto Interno Bruto) paulista ficou estagnado no primeiro ano do Governo Lula, reduzindo a participação do Estado de São Paulo nas riquezas nacionais em 2003. Naquele ano, a economia paulista movimentou R$ 494,8 bilhões – variação positiva de apenas 0,02% ante o ano anterior. Os números apresentam defasagem de quase dois anos devido ao tempo necessário para apuração das contas por unidade federativa.

Os dados foram divulgados sexta-feira pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), e fazem parte da publicação "Contas Regionais do Brasil: 2003", lançada, também sexta-feira, no Rio de Janeiro, pelo IBGE.

Para o chefe da divisão de estudos econômicos da Fundação Seade, Miguel Matteo, a estagnação do PIB paulista ocorreu porque o Estado sentiu de forma mais intensa os efeitos das políticas monetária e fiscal. Naquele ano, lembrou ele, o Banco Central elevou o juro para amenizar as pressões inflacionárias e cambiais iniciadas em 2002, ano de eleições presidenciais.

"Isso tudo gerou retração no consumo, afetando as vendas no mercado interno e, por conseqüência, diversos setores da economia brasileira. O Estado de São Paulo é mais afetado porque é muito dependente da indústria de transformação, diretamente ligada ao consumo", destaca Matteo. Cerca de 35% do PIB paulista são oriundos da indústria de transformação.

Segundo Matteo, se a economia paulista ficou estagnada em 2003, teoricamente o PIB do Grande ABC registrou queda. "A região é mais dependente da indústria do que o Estado e, portanto, sente mais os efeitos negativos da crise", explica. A indústria é responsável por 70% da riquezas no Grande ABC – 45% provêm da montagem de automóveis e fabricação de autopeças, segundo o Seade.

Brasil – No país, o PIB registrou elevação de 0,5% em 2003, impulsionado pelo desempenho da produção agropecuária, de acordo com Matteo. Alguns Estados que fortaleceram a atuação na área, como Paraná (4,7%), Rio Grande do Sul (4,3%) e Goiás (5,1%), asseguraram o desempenho positivo do Brasil.

As exceções foram Amazonas (6,4%) e Acre (5,8%), respectivamente segundo e quarto lugares no ranking do crescimento. A economia amazonense foi beneficiada pelo crescimento da indústria de eletroeletrônicos – na Zona Franca de Manaus –, que tirou vantagens da "explosão" das vendas de celulares. No Acre, a economia foi puxada pelos setores de alimentos e madeira.

Devido à expansão do PIB de diversos Estados com menor participação nas riquezas nacionais, atrelada ao péssimo desempenho do PIB paulista, a participação de São Paulo nas riquezas brasileiras caiu de 32,6% para 31,8%, embora continuasse, em 2003, tendo o maior do PIB do país. O Rio de Janeiro, segundo Estado em fatia do PIB, representou quase um terço (12,6%) do percentual apresentado pela economia paulista.

Projeções – O resultado estagnado de São Paulo, segundo Matteo, está próximo da estimativa de queda de 0,2% para o PIB paulista em 2003, divulgada pelo Seade no começo deste ano. Para 2004, considerado um ano de grande crescimento econômico, a projeção é de que as riquezas do Estado de São Paulo tenham incremento de 7%.

De acordo com Matteo, certamente o Grande ABC será mais beneficiado do que o Estado com o bom desempenho da economia em 2004. "Por ser uma região com forte influência industrial em São Paulo, o crescimento deve ser superior ao do Estado. Devido ao perfil da região, a relação é essa: se está ruim no geral, o Grande ABC sente mais; se está bom, a região também se beneficia mais."




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