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Oposição e PT se armam para acuar Valério
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06/07/2005 | 00:18
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Acusado de ser operador do pagamento de mesada a deputados, o publicitário Marcos Valério depõe nesta quarta-feira na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Correios e terá de enfrentar parlamentares de oposição armados para detalhar a estreita relação do empresário com o PT. A informação sobre a contratação de um empréstimo pelo PT de R$ 2,4 milhões tendo Valério como avalista é considerada preciosa e entrará na lista de perguntas dos oposicionistas e do relator da CPI, Osmar Serraglio (PMDB-PR).

"Embora esse não seja o objeto da CPI (que investiga corrupção na ECT – Empresa de Correios e Telégrafos), tenho de saber detalhes desse empréstimo, que foi avalizado por Marcos Valério", justificou Serraglio. Outra informação que sustentará a artilharia contra o publicitário será o fato de ele ter pedido ao STF (Supremo Tribunal Federal) um habeas-corpus preventivo temendo sair preso da CPI. "Esse foi um tremendo erro dele. Assumiu a culpa", afirmou o vice-líder do PSDB na Câmara, Eduardo Paes (RJ).

Na avaliação do tucano Eduardo Paes, Valério, dono das agências de publicidade SMPB e DNA, pediu o habeas-corpus para ficar em silêncio diante de perguntas espinhosas ou para poder responder contra-atacando. "Ele (Valério) pode estar querendo partir para o confronto reagindo com agressividade contra os parlamentar. Se agir assim, vai irritar parlamentares, que podem pedir sua prisão", afirmou Paes, referindo-se à hipótese de ele ser detido por desacato à autoridade.

Depoimento – Caso Valério fique em silêncio e se recuse a dar respostas a respeito das suspeitas de envolvimento em irregularidades, o empresário não será poupado nem mesmo por integrantes do PT. "O silêncio será entendido como confissão de culpa. Ficará muito ruim para ele e isso, dificilmente, vai se reverter", disse o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP).

No depoimento marcado para esta quarta-feira, a oposição vai explorar a estreita relação do empresário com o PT por entender que essa tática pode produzir muitos resultados. Na avaliação dos oposicionistas, Valério conquistou benesses do governo, ampliando contratos de suas agências com estatais e órgãos do Executivo, porque era ele o responsável por conseguir dinheiro para as mesadas dos congressistas.

Na avaliação da oposição, o fio da meada seria o fato de ele ter sido avalista do contrato de empréstimo do partido ao lado de dois outros avalistas, o presidente do PT, José Genoino, e o tesoureiro licenciado do partido e amigo do empresário Delúbio Soares. Os saques em dinheiro feitos por Valério também serão explorados no depoimento. Os valores chegam a R$ 70 milhões. "Saques nesses valores não são coisas muito comuns. É claro que terá de explicar", afirmou Serraglio.

O publicitário também será questionado sobre um contrato da SMPB com a ECT (Empresa de Correios e Telégrafos). Segundo integrantes da CPI, há suspeita de superfaturamento no contrato. Essa suspeita tem como base o fato de o contrato, que era inicialmente de R$ 72 milhões, ter sido aditado, passando para R$ 90 milhões.




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