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Comerciante pede extinçao do MST à Justiça
Do Diário do Grande ABC
09/07/2000 | 16:20
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O comerciante Raimundo Ghiraldi, da cidade de Porto Feliz, a 120 quilômetros de Sao Paulo, é o autor de uma açao que pede a extinçao da Associaçao Nacional de Cooperaçao Agrícola (Anca), o que pode representar o fim do Movimento dos Sem-Terra (MST).

O pedido foi protocolado na sexta-feira no Fórum Joao Mendes, regiao central da cidade, pelo advogado Antonio Carlos Otoni Soares e se for aceito reflete na dissoluçao do MST, uma vez que a Anca representa juridicamente e repassa as verbas internacionais que sustentam o movimento.

``Eu acho que a maioria da populaçao é contra o MST e nao pode se manifestar', disse Ghiraldi, justificando sua atitude. Ele conta que em 1999, quando trabalhadores do MST invadiram a cidade, foi procurado para contribuir com comida e bebida para um churrasco e negou-se a fornecer.

Diante de sua negativa, Ghiraldi disse que os integrantes do MST prometeram que voltariam para se vingar. ``Mas nao voltaram', disse. No entanto, o comerciante disse que nao era o único a ser procurado. ``Eles iam todo dia nas casas buscar, arroz, feijao, açúcar, sempre em grupo de uns 10', revelou.

O comerciante disse que os membros do MST fizeram ``muita baderna' em Porto Feliz. ``Eles desacataram o juiz no fórum, chutaram carros, fizeram até necessidades fisiológicas na rua. Algumas pessoas confiaram nas propostas do grupo (de obter terra), mas acabaram voltando para a cidade', lembrou.

Ghiraldi acredita que sua iniciativa vai inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo. ``O MST tem de acabar. Eles queriam invadir até a fazenda do presidente da República (referindo-se a presença do MST na madrugada do dia 4 na fazenda Dois Córregos, dos filhos do presidente, em Buritis, em Minas Gerais). Sao desqualificados, o Exército devia fazer alguma coisa', argumentou.

O coordenador nacional do MST, Gilberto Portes de Oliveira, classificou a iniciativa como ``uma posiçao ideológica de alguém que quer enquadrar o movimento' e afirmou que o corpo de advogados do MST vai estudar o assunto. ``Ele defende o interesse dos latifundiários e quer desviar o debate sobre o tema.'

Portes de Oliveira disse que a Anca nao é uma entidade clandestino, tem 15 anos de atividades e seus documentos estao em ordem. ``É uma associaçao de referência no trabalho humano e de capacitaçao, que atua em conjunto com os ministérios do Trabalho, da Reforma Agrária e da Educaçao, inclusive premiada pela Unicef', relatou.

O coordenador disse que prefere nao discutir essa questao, por enquanto. Mas defende que a Anca é responsável pela produçao dos assentamentos e por meio dela celebramos convênios com instituiçoes nacionais e sua atuaçao é acompanhada pela Receita Federal. "Nao estamos preocupados, esse advogado sim é que está querendo criar uma situaçao. Ele segue a filosofia dos inimigos da reforma agrária, da UDR. Se ele tivesse vivido no século passado, certamente, defenderia a escravatura', finalizou.




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