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Dieese acredita no crescimento da economia
Do Diário do Grande ABC
29/04/2000 | 13:21
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Respeitado em todo o país como entidade de defesa dos interesses dos trabalhadores, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) também concorda com as projeçoes oficiais que apontam para um crescimento de pelo menos 4% da economia este ano. ``Essa estimativa do governo é factível', afirmou o economista Antônio Prado.

Segundo ele, é difícil as pessoas perceberem no dia-a-dia que já está ocorrendo uma mudança em relaçao à recessao do ano passado. Ele cita como exemplo as pequenas reduçoes que estao sendo registradas nos níveis de desemprego, pouco sentidas pela grande parcela da populaçao na faixa dos desempregados.

``Existe uma certa descrença da populaçao sobre o comportamento das estatísticas, porque as expectativas ainda estao muito negativas', analisa o economista.

Um dos principais indicadores que apontam para o crescimento, segundo ele, é a reduçao de 1,5 ponto percentual na queda do desemprego na regiao metropolitana de Sao Paulo, em março, comparado com o mesmo mês de 1999. Prado diz que esse efeito indica tendência para o resto do país, com continuidade de queda até o fim do ano.

``Foram três meses sucessivos de queda, com a sinalizaçao clara de que a taxa média de 19,3% de desemprego do ano passado nao deverá se repetir neste ano', afirmou ele, prevendo nova reduçao para o mês de abril.

A sociedade só deverá sentir esses novos ventos positivos, segundo Prado, quando o aumento no número de vagas no mercado de trabalho registrar índices mais acentuados.

``Uma queda de 1,5 ponto percentual é muito pequena. Por isso é compreensível que o meu vizinho ou seu parente desempregado nao acreditem nas estatísticas', comentou.

O economista do Dieese cita três fatores que, em sua opiniao, devem influenciar positivamente a elevaçao do Produto Interno Bruto (PIB) - toda a produçao de bens e serviços do país -, como esperam autoridades e agentes econômicos. O primeiro é a reduçao na taxa de juros real - descontada a inflaçao -, sentida a partir do mês passado quando o Banco Central cortou de 19% para 18,5% ao ano a taxa Selic.

O segundo ingrediente se verifica no aumento das exportaçoes. Prado garante que, apesar de ainda nao se refletir nos saldos da balança comercial, ``houve um aumento quantitativo' de produtos vendidos ao exterior neste início de ano, que se refletirá na geraçao de maior número de emprego. Esse movimento foi acompanhado de substituiçao de importaçoes por produtos fabricados aqui.

Em terceiro lugar ele aponta para um ligeiro aumento nos gastos públicos, que acredita deverá ocorrer em funçao das eleiçoes municipais de outubro.

``Achamos razoável esperar por uma elevaçao de 4% do PIB', afirmou. Prado lembra que crescimento do PIB significa aumento de emprego, porque a expansao da produçao de bens e serviços leva ao aumento da necessidade de maior volume de mao-de-obra. Mas Prado ressalva que a geraçao de empregos perdeu o dinamismo em relaçao ao PIB, ou seja, para criar o mesmo volume de empregos da década de 80 seria necessário que o nível de atividade econômica crescesse, no mínimo, duas vezes além do previsto.

O economista explica que ocorreram mudanças estruturais na década de 90, como a abertura da economia a produtos de outros países, a terceirizaçao, as inovaçoes tecnológicas, a modernizaçao de máquinas e equipamentos que, se contribuem para a expansao da atividade, também levam à reduçao de mao-de-obra pelo fechamento de vagas que existiam no passado.




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