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MP tem de agir no caso de Diadema, diz Doria

Governador criticou decisão da cidade de liberar serviços como sal˜ões de beleza e lava-rápido

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
24/04/2020 | 00:01
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Divulgação/Governo do Estado


O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou a decisão do prefeito de Diadema, Lauro Michels (PV), que permitiu por meio de decreto que prestadores de serviço como consultórios, salões de beleza e de estética, escritórios de contabilidade, comunicação visual, advocacia, imobiliárias, lavanderias, vidraçaria, serralheria, lava rápido e estacionamentos pudessem voltar ao trabalho. “Lamento que o prefeito tenha tomado essa atitude, sei que está pensando no melhor para a população, mas se antecipou e fez antes da hora”, declarou.

“Certamente, o MP (Ministério Público) agirá no caso de Diadema, como agiu no caso de São José dos Campos e a Justiça ratificou”, completou. São José editou decreto de isolamento seletivo, mas o MP entrou na Justiça e pediu a sua suspensão, o que foi acatado. A prefeitura está recorrendo da decisão.

De acordo com Doria, é preciso que todas as cidades sigam o decreto estadual que determinou quarentena e com suspensão dos serviços não essenciais até o dia 10 de maio. O tucano afirmou que espera que os prefeitos sejam convencidos, pelo diálogo, a manterem as regras definidas pelo Estado. “Quando não for possível, a Justiça será praticada. Volto a dizer aos prefeitos e prefeitas: sigam a quarentena até o dia 10 de maio”, completou o governador. 

Por meio de vídeo publicado em uma rede social, Lauro Michels pediu a colaboração da população com relação às novas regras definidas pelo decreto, como uso obrigatório de máscaras por clientes e trabalhadores e atendimento com hora marcada para evitar aglomeração, para que a Justiça não determine o fechamento dos serviços recém-abertos. 

“Não estamos liberando comércio. São apenas prestadores de serviços”, justificou o verde. Diadema foi a primeira cidade do Grande ABC a flexibilizar as medidas da quarentena instituída pelo governo estadual para conter a pandemia de Covid-19. 

As atividades começaram a ser retomadas na manhã de ontem. Na Avenida Alda, no Centro, um salão de beleza reabriu depois de 30 dias. O proprietário Allan Takebayashi, 30 anos, explicou que todas as medidas estão sendo tomadas para garantir a segurança. “Já adquirimos máscaras e estamos orientando as clientes a virem com as suas”, relatou. 

Também na Avenida Alda, o empresário Waldemar Lopes, 57, reabriu o lava rápido e estacionamento após 40 dias sem atividades. “A gente retoma com medo. As contas foram se acumulando e não sei quanto tempo vou levar para colocar tudo em ordem. Este ano, para mim, está praticamente perdido”, lamentou. Lopes dispensou cinco funcionários e agora chamou apenas três de volta. “Vamos ver como será a demanda. Acho que serviços como o meu, que não aglomeram pessoas, não precisariam ter sido fechados. A Prefeitura vai perder muito em arrecadação e a economia vai sofrer”, concluiu.

No bairro Piraporinha, o cabeleireiro Francinaldo Gomes, 61, retornava ao trabalho já ciente das medidas que serão necessárias para atender aos clientes. “Vamos fazer tudo com hora marcada e usar luvas e máscaras”, afirmou. Gomes avaliou que as medidas tomadas foram necessárias para evitar maior número de pessoas contaminadas. “A nossa situação ficou difícil, todo mundo precisa trabalhar, mas foi melhor assim.”

Exército vai apoiar ações de fiscalização

A Prefeitura de Diadema anunciou que 32 homens do 8º Batalhão de Polícia do Exército – Regional vão apoiar as ações realizadas pela administração para desinfecção em locais onde ocorrem aglomerações de moradores, como em terminais de ônibus. O apoio das Forças Armadas foi solicitado pelo governo Lauro Michels (PV) ao 8º Comando do Exército.

O Diário apurou que os integrantes do Exército vão atuar na desinfecção dos espaços, a exemplo da ação que foi realizada recentemente no Terminal Santo André Leste. 

Os 30 homens estarão junto com equipes da GCM (Guarda Civil Municipal) nas ruas durante a semana e também aos fins de semana, sobretudo em áreas de intensa circulação e aglomeração, inclusive regiões periféricas da cidade. Somarão às equipes veículos do Exército, como caminhões, que vão auxiliar na locomoção e no impacto das operações.

A decisão da administração de autorizar o funcionamento de serviços como consultórios, salões de beleza e de estética, escritórios de contabilidade, comunicação visual, advocacia, imobiliárias, lavanderias, vidraçaria, serralheria, lava rápido e estacionamentos, segundo o governo, leva em consideração o contexto epidemiológico, a estrutura disponível para combate à pandemia, orientações das autoridades sanitárias, tendo como premissa a preservação da vida e atenção à atividade econômica de empreendedores cuja receita é proveniente de cada serviço executado.

“Estamos fazendo de forma racional a regulamentação dos prestadores de serviços que dependem de sua renda imediata para sobrevivência e que não possuem aglomerações de pessoas. Estamos tendo cuidado e queremos o suporte do Estado para as ações de combate à pandemia”, afirmou o prefeito Lauro Michels (PV).




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